A diretora regional de Conservação da Natureza e Florestas do Norte defendeu hoje que o modelo de cogestão que está ser implementado no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) é virtuoso e deve ser reforçado.
“Vamos continuar a apostar numa gestão ativa e de proximidade. O modelo de cogestão que temos vindo a implementar no território [do PNDI] é um modelo virtuoso e deve ser reforçado e evoluir, sendo uma vontade expressa que pretendemos implementar no terreno”, disse à Lusa Sandra Vinhais Sarmento.
De acordo com a responsável pelas áreas protegidas do Norte do país, a comissão de cogestão do PNDI tem estado a trabalhar de forma “ muito articulada” para construir uma estratégia de “valorização deste território”.
“De momento existe um plano de cogestão, que no fundo é um plano de valorização que contempla um conjunto de ações de sensibilização, comunicação e de valorização concreta deste território e que resulta de um esforço conjunto de todos os parceiros que fazem parte desta comissão”, vincou.
Sandra Vinhais Sarmento falava no decurso da comemoração dos 25 anos de PNDI que hoje decorreu em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e que juntou autarcas, investigadores, técnicos, GNR, bombeiros, vigilantes da natureza e outros responsáveis pela manutenção desta área protegida.
Atualmente, a comissão de cogestão do PNDI é constituída por municípios, o ICNF, Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Associação de Municípios do Douro Superior, Raia Histórica, organizações não-governamentais e a Direção Regional de Agricultura do Norte (DRAN), sendo este modelo liderado pelo presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel.
“Como primeira etapa deste projeto do plano de cogestão, houve já a abertura de um aviso proveniente do Fundo Ambiental dirigido a projetos que concorram para a melhoria das condições de visitação e há já três candidaturas aprovadas”, indicou Sandra Vinhais Sarmento.
Para a diretora regional de Conservação da Natureza e Florestas do Norte, o modelo de cogestão “é um passo muito importante para reforçar uma gestão de proximidade em colaboração com outros parceiros que estão e trabalham no território”, disse.
“A proximidade com as populações locais é o grande desafio e naturalmente temos consciência de que para conservar, proteger e garantir o património é preciso haver regras. Dessas regras, naturalmente, existem algumas incompreensões. O diálogo pode resolver muitas destas incompreensões e estamos muitos esperançados de que assim aconteça”, vincou Sandra Vinhais Sarmento.
Quanto ao futuro para este território transfronteiriço, o grande objetivo é a criação de uma área protegida única que junte as duas áreas protegidas do Douro Internacional: O PNDI e o Parque Natural das Arribas do Douro, do lado espanhol.
O restauro de área ardidas e a preservação das espécies de fauna e flora emblemática, entre outras iniciativas, estão igualmente na mira do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNF) para o PNDI, já a médio prazo, entre outras ações de conservação deste habitat natural.
Para a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, anfitriã destas comemorações, com a criação da comissão de cogestão empenhada nas parcerias de trabalho, e com o que vai sendo concretizado no PNDI, os município e as populações tornam-se parte integrante destas ações de salvaguarda da natureza.
O PNDI é a segunda maior área protegida do país, com mais de 86 mil hectares onde estão inseridas 35 aldeias dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, e Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda, numa extensão de 122 quilómetros, desde a barragem do Castro até à foz do rio Águeda.
No dia 11 de maio de 1998, foi publicado o Decreto Regulamentar de criação do PNDI, assinado pelo então primeiro–ministro socialista António Guterres, que veio a inaugurar formalmente a área protegida do Douro Internacional meses mais tarde, em 31 de julho.