As Nações Unidas (ONU) anunciaram hoje que as partes envolvidas nos acordos dos cereais do Mar Negro concordaram prosseguir as negociações em torno de uma extensão da iniciativa.
Numa reunião em Istambul em formato quadripartido – Ucrânia, Rússia, Turquia e Nações Unidas -, foram discutidas as recentes propostas das Nações Unidas nesse âmbito, nomeadamente a reativação do gasoduto de amónia Togliatti-Odessa, a extensão mais longa do acordo, melhorias no Centro de Coordenação Conjunta para operações e exportações estáveis, além de outras questões levantadas pelas partes – que não foram reveladas.
“As partes apresentaram os seus pontos de vista e concordaram em trabalhar com estes elementos daqui para frente”, indicou a ONU em comunicado.
As Nações Unidas estiveram representadas pelo seu subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, que reiterou a importância do acordo para a segurança alimentar global e reconheceu a “importante contribuição das exportações de alimentos e fertilizantes” da Federação Russa a esse respeito.
Griffiths enfatizou que as Nações Unidas continuarão a trabalhar em estreita colaboração com todas as partes para alcançar a continuação e implementação total da iniciativa, com foco no seu compromisso mais amplo de abordar a insegurança alimentar global.
O subsecretário-geral agradeceu ainda às partes por facilitarem a exportação segura de mais de 30 milhões de toneladas métricas de cereais e alimentos da Ucrânia desde o início do acordo, no verão passado.
Contudo, apesar das exportações bem sucedidas de alimentos, as Nações Unidas reconhecem que não tem sido possível exportar amónia – substância essencial para a produção de fertilizantes e da qual a Rússia é um dos principais produtores mundiais – pelo corredor marítimo humanitário do Mar Negro.
A Rússia denuncia que as suas exportações estão a enfrentar dificuldades, sobretudo devido aos efeitos colaterais das sanções que o Ocidente lhe impôs após a invasão da Ucrânia.
O Kremlin exige a ligação do banco agrícola Rosseljozbank ao sistema de comunicações financeiras SWIFT, a retoma do fornecimento de máquinas agrícolas, bem como peças de substituição, e a remoção de restrições ao livre acesso aos portos.
Moscovo pede ainda a reativação da operação do gasoduto Togliatti-Odessa, paralisado desde o início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e o desbloqueio de contas estrangeiras e ativos de empresas russas ligadas à produção e transporte de alimentos e fertilizantes.
A Ucrânia, por sua vez, acusa a Rússia de colocar obstáculos à passagem de navios com cereais ucranianos.
A atual renovação do acordo expira em 18 de maio e a Rússia ameaçou não prorrogar o protocolo se as suas exigências não forem resolvidas.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, enviou a Moscovo e às partes uma proposta escrita para alargar o acordo, mas até ao momento não obteve resposta do Kremlin.
Os acordos de exportação de cereais ucranianos e produtos agrícolas russos através do Mar Negro foram firmados no verão de 2022 em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia.