Floresta Portuguesa Uma oportunidade perdida?….ou uma desilusão!
Manifesto pelas Associa��es Florestais (*)
A floresta � um dos elementos naturais que mais contribui para a regula��o e sustentabilidade da vida na Terra, seja pelas suas capacidades de regenera��o do ar, seja pelo conforto bioclim�tico que produz, seja mesmo pela sua tremenda capacidade produtiva que hoje o Homem j� sabe aproveitar.
A floresta para ser aproveitada enquanto factor de desenvolvimento econ�mico, ambiental e social, precisa de escala, de dimensão e de organiza��o.
A Floresta Portuguesa não pode ser apenas produ��o de fibras, não pode ser apenas factor de consumo de recursos financeiros através da sua defesa contra os inc�ndios, tem que ser elemento agregador de popula��es, de alavanca para a economia e de apoio na protec��o ambiental (solos, agua, ar e biodiversidade).
Numa conjuntura internacional dif�cil foi sobejamente referido que a floresta � um investimento s�lido, e altamente apetec�vel pela sua estabilidade nos mercados. Por�m, Portugal não obstante da sua forte apet�ncia florestal, vive tempos dif�ceis no sector, muito pela incapacidade demonstrada pelo Estado de organizar efectivamente os agentes da fileira, numa �ptica de criação de escala econ�mica projectada para a rentabilidade dos espaços florestais.
O Pa�s tem que propiciar o investimento, contribuir para a solidez das estruturas locais de apoio � floresta que t�o mal tratadas t�m sido, e promover a reestrutura��o do modelo de organiza��o do Estado e dos agentes do sector.
Hoje, passado o QCA III, depois de se ter investido na criação de organizações de produtores florestais, investido na criação de pequenas e médias empresas de serviços florestais, apoiado arboriza��es e manuten��es de espaços florestais, deparamo-nos com um cen�rio de persegui��o aos produtores, com a amea�a da devolu��o de fundos recebidos, e do abandono do Estado para com as organizações florestais, acompanhado da defini��o de pol�ticas manifestamente voltadas para as cidades e os gabinetes de quem decide longe da TERRA.
Deste manifesto, as organizações de produtores florestais nacionais através da sua federa��o, FORUM FLORESTAL- Estrutura federativa da Floresta Portuguesa, seleccionou quatro, dos muitos problemas, que temos para resolver no sector.
� Cadastro r�stico das propriedades
Depois de anos � espera o cadastro continua a ser uma miragem. não entendemos. Afinal de contas, durante os Quadro comunitários passados, a entrega de cartografia (obrigatéria) nos projectos florestais segundo as normas e procedimentos que o Estado imp�s e que validou, permitia hoje ter uma base de dados cartogr�fica das propriedades alvo de apoios e investimentos, que apoiada no parcel�rio podia ser uma matriz de base importante para a realiza��o do Cadastro.
Refira-se que sem este trabalho realizado, será sempre imposs�vel definir e estruturar pol�ticas reais de orienta��o e desenvolvimento da floresta portuguesa. A aus�ncia deste instrumento � o maior estrangulamento que o Estado tem para fazer cumprir as leis de limpeza da floresta, para promover o investimento com economias de escala, pois muitas vezes não se faz porque não se conhece os donos da terra ou, os donos das terras não conhecem os limites e mesmo a localiza��o das suas propriedades, raz�o para o abandono de muitas áreas produtivas.
� Sapadores Florestais
As equipas de sapadores florestais são um elemento important�ssimo paras as organizações de produtores florestais, pelo apoio que d�o na realiza��o daquelas pequenas obras de manuten��o florestal (a média da propriedade florestal em vastas áreas do pais � de 0,5 ha) que muitas vezes não interessam �s empresas mas que somando todas são cruciais na defesa da floresta. Os sapadores são elemento de extrema proximidade �s popula��es tornando-se por isso os melhores agentes de extensão florestal, informação, de primeira interven��o no combate a inc�ndios florestais, e em alguns casos de for�a dissuasora.
Todavia, a pol�tica definida para a gestáo deste programa pelo Estado Portugu�s tem gerado um conjunto de dificuldades �s organizações florestais, que, a continuar, acabar� com a liga��o de sucesso que são as equipas de sapadores com as OPF (organizações de Produtores Florestais).
O modelo de financiamento, os crit�rios de selec��o para entrega das novas equipas, e as exig�ncias dos serviços florestais, torna invi�vel �s OPF continuar a trabalhar com este Programa ficando as autarquias como �nicas a ter capacidade de assumir estas responsabilidades. Hoje em dia, a extensão rural � a �nica ferramenta que separa o mundo rural da total desertifica��o, e as equipas de sapadores, educadas pelas organizações de produtores florestais � isso que t�m feito nos �ltimos 9 anos. � incompreens�vel que o Estado se esteja a alhear das suas responsabilidades entregando, todos os anos, milhões de euros a empresas privadas de combate a inc�ndios e ao mesmo tempo, diminuindo os apoios �s experientes equipas de sapadores florestais, que no inverno ro�am matos e no ver�o combatem inc�ndios.
QREN
A aplica��o do anterior QCA-III (2000/2006), foi gerido pelo Ministério da Agricultura de forma �burocr�tica, confusa e desleixada�, onde se constatou a grave falta de apoio aos propriet�rios florestais na informação, e principalmente no acompanhamento e valida��o dos investimentos. Prova disto, pode ser analisada com encerramento de centenas e centenas de projectos em menos de um m�s (Junho de 2009), os quais até ai não tiveram nenhuma vistoria de acompanhamento e encerramento. Processos que j� deviam estar conclu�dos h� 3, 4 ou mesmo 5 anos. Como � que a avalia��o e valida��o das opera��es pode ser coerente e realista passados tantos anos! Nalgumas situa��es, estamos perante a coloca��o em causa da execução da obra, ou de algumas tarefas, ou ainda da aceita��o dos pedidos de pagamento, o que naturalmente desrespeita acima de tudo o profissionalismo dos intervenientes no projecto, nomeadamente o esfor�o financeiro que foi pedido aos propriet�rios.
Um breve exemplo de m� gestáo do anterior QCA está na reabertura do Programa AGRIS h� 3 meses, para aplicar dinheiros comunitários que deveriam ter sido aplicados durante os �ltimos 6 / 7 anos.
Entretanto, o PRODER (2007/2013) que j� devia estar em aplica��o h� dois anos e meio, constata-se presentemente a submissão pelos agentes do sector florestal de milhares de candidaturas, e na pr�tica por parte do Ministério da Agricultura em termos de aprova��o e execu��o, a concretização destas propostas � quase nula (h� linhas de investimento que não t�m uma �nica candidatura aprovada).
Importa neste momento questionar, no ambito do PRODER, quantos hectares de plantação j� foram executados, quantos hectares de áreas florestais j� foram limpos, quantos caminhos e faixas de conten��o do fogo foram criados ou beneficiados?
Atendendo que o QREN – PRODER � crucial para a floresta e para a economia portuguesa, eventualmente a última oportunidade de estrutura��o do sector rural, pergunta-se ent�o aos decisores quantas OPF, empresas e propriet�rios foram apoiados neste momento de crise?
Acredita��o das OPF
No inicio de 2009, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas iniciou um processo de acredita��o das organizações produtores florestais segundo tr�s n�veis – nacional, regional e local -, com vista ao reconhecimento e clarifica��o do tecido associativo florestal e conhecer o panorama actual do sector, sobretudo ao nível. da identifica��o dos interlocutores entre o estado e os propriet�rios.
Todas as associa��es florestais comprovaram um conjunto de premissas definidas pelo Estado como fundamentais para obter a acredita��o e assim poderem concorrer aos Fundos comunitários segundo o PRODER.
Refira-se que esta situa��o, de as entidades que não obtenham a acredita��o/valida��o ficarem exclu�das de concorrer ao PRODER e a Fundos Nacionais, � tanto mais grave pelo facto de o processo em si mesmo se arrastar ao longo dos tempos e durante o qual todas as OPF estáo � de m�os e p�s atados�. Precisamente quando os propriet�rios mais precisam destas estruturas.
De salientar que a estimativa de apoio financeiro do programa AGRIS ( Ac��o 3, Subac��o 3.1 – Instala��o de organizações de Produtores Florestais), que o Estado investiu, seja de cerca de 30 milhões de euros na implementa��o da actual rede de OPF existente, acrescido do investimento privado de cerca de 6 milhões de euros.
Ou seja, durante 6 anos (2000-2006) houve um investimento público-privado de cerca de 36 milhões de euros para a criação da Actual Rede de organizações de Produtores Florestais. Representando essa Rede mais de 600 postos de trabalho, nomeadamente sapadores, t�cnicos florestais e pessoal administrativo. E estando impedidas de concorrer a fundos de apoio, até estar conclu�do o processo moroso de acredita��o, comprometerá ainda mais a grave situa��o financeira que j� atravessam.
Em conclusão
No nosso entender, toda a conjuntura não tem favorecido quem trabalha na floresta e quem tem sido o garante da não desertifica��o rural do interior do país. As organizações de produtores florestais t�m sido mal tratadas por sucessivos Governos, que nunca acreditaram na sua capacidade mobilizadora e sobretudo, nas suas capacidades de inverter situa��es de abandono florestal iminente.
No entanto, as organizações de produtores florestais, j� provaram a capacidade que t�m de mobiliza��o. A t�tulo de exemplo as medidas que o QCAIII disponibilizou aos propriet�rios florestais (AGRO 3.1 e AGRIS 3.1 e 3.4) foram completamente esgotadas, antes do seu período de vida �til, algo que nunca tinha sucedido.
Infelizmente, uma organiza��o de produtores florestais � muito mais do que os seu nome indica, pois acima de tudo � uma instituição que criou la�os e rela��es com as popula��es onde está inserida. O desaparecimento deste tipo de associativismo, representaria socialmente, um lastro negativo incapaz de se reverter nas pr�ximas d�cadas. A descren�a das pessoas � t�o grande que abandon�-las e �s suas organizações de produtores florestais, era estar a passar uma certid�o de �bito a todo o espaço florestal. Infelizmente, caminhamos a passos largos para este fim, se não se fizer urgentemente alguma coisa significativa a favor dos propriet�rios, das suas associa��es e, mais importante que tudo, da FLORESTA PORTUGUESA.
Cascais, 07 de Julho de 2009
A Direc��o do F�rum
(*) A direc��o do F�rum Florestal � Estrutura Federativa da Floresta Portuguesa apresentou ontem na Assembleia da Republica este manifesto pelas associa��es florestais, com vista a alertar os grupos parlamentares das dificuldades sentidas no sector, e defender a sustentabilidade de cada uma das suas OPF.
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Fonte: F�rum Florestal |
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