Entre Julho e Setembro, o dispositivo de combate a incêndios estará na máxima força
O observatório técnico independente criado pelo parlamento para acompanhar os incêndios colocou nesta sexta-feira reservas quanto à rentabilidade dos meios aéreos pesados retirados de Seia (Guarda) e colocados em Castelo Branco.
Numa análise sobre os meios que este ano integram o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais (DECIR), o observatório considera também que a carga instalada (capacidade em litros de água) no conjunto de todas as aeronaves “é ligeiramente inferior”, apesar do número de meios aéreos ser este ano o maior de sempre.
O DECIR conta este ano para os meses de Julho, Agosto e Setembro, período considerado mais crítico em incêndios e em que o dispositivo está na máxima força, que estarão mobilizados 11.492 operacionais, 2653 equipas, 2493 veículos e 60 meios aéreos, incluindo um helicóptero da Força Aérea que será activado em caso de necessidade para coordenação aérea.
O observatório refere também que o aumento de três aeronaves este ano em relação a 2018 vai fortalecer “a cobertura de ataque inicial” em todo o país.
Na análise, este organismo criado pelo parlamento em 2018 aborda a questão dos dois meios aéreos pesados que inicialmente estavam previstos para a operarem a partir do Centro de Meios Aéreos (CMA) de Seia, mas que foram relocalizados para o CMA de Castelo Branco por razões de segurança.
Referindo que as ocorrências se registam generalizadamente a norte do rio Tejo com particular incidência nos distritos localizados a norte do país, o observatório refere que a relocalização de Seia para Castelo Branco, a uma distância em linha recta de 71 quilómetros, “irá diminuir significativamente o tempo de autonomia no teatro de operações destes de meios, sempre que forem mobilizados para norte de Seia”.
Segundo este organismo, estes dois meios são únicos no dispositivo, escassos no mercado, dispendiosos e cuja rentabilidade deverá ser sempre maximizada.
“Assim a não ser possível a sua manutenção em Seia, e atendendo ao histórico da mobilização dos meios aéreos pesados em anos anteriores, o observatório considera que a relocalização destes meios aéreos deverá ter como referência outro CMA a norte de Seia, garantindo uma melhor centralidade às áreas de maior risco de forma a garantir a sua máxima rentabilidade”, refere, reconhecendo as condições de excelência do CMA de Castelo Branco.
Na análise aos meios terrestres, o observatório faz referência aos vários agentes envolvidos no dispositivo, bombeiros, Força Especial de Bombeiros, Unidade de Emergência de Protecção e Socorro da GNR (que sucedeu aos GIPS), Equipas de Sapadores Florestais, Corpo Nacional de Agentes Florestais e AFOCELCA.
Sobre Corpo Nacional de Agentes Florestais do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que aumento este ano em 34 elementos, totalizando 248, este organismo refere que o crescimento é “mais lento do que seria desejável”.
Também em relação à Força Especial de Bombeiros (conhecidos por “canarinhos”), o observatório defende um reforço e uma organização do seu efectivo, uma vez que responde ao longo de todo o ano a situações de emergência e não só a incêndios.
Segundo o observatório, os Bombeiros “constituem a força determinante do dispositivo” e respondem “com muito mais” elementos do que aqueles estabelecidos no DECIR, uma vez que durante as acções de combate os meios dos corpos de bombeiros “acabam por ter uma mobilização acrescida o que aumenta significativamente a disponibilidade”.
Este ano há mais 350 bombeiros, aumento conseguido através do maior número de Equipas de Intervenção Permanente (EIP), ou seja, dos 5729 bombeiros no DECIR, 1734 referem-se às 344 EIP.
No entanto, o observatório refere que as EIP operam de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, a todas as tipologias de socorro, enquanto as Equipas de Combate a Incêndios (compostas por bombeiros voluntários) são formatadas para os incêndios rurais com disponibilidade permanente durante sete dias por semana 24 horas por dia.