A Confederação Nacional da Agricultura – CNA reagiu hoje com “muita preocupação” à estimativa de descida de 11,8% no rendimento da atividade agrícola este ano, divulgada pelo INE, e insistiu que o Governo tem de tomar medidas urgentes.
A estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgada na quinta-feira, indica que o rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano, deverá cair 11,8%, situação que não ocorria desde 2011, levando a CNA a salientar que a defesa do rendimento dos agricultores “é determinante para a vitalidade” do setor e da economia nacional e para garantir a soberania alimentar do país.
A confederação, em comunicado hoje divulgado, começa por dizer que foi sem surpresa, mas com muita preocupação, que analisou os dados do INE, que confirmaram aquilo que a CNA, as suas filiadas e os pequenos e médios agricultores têm denunciado, particularmente neste último ano, em que se agravaram “de forma dramática” as dificuldades no setor, sem a tomada das medidas necessárias para as solucionar.
A CNA lembra ainda que o aumento dos custos dos fatores de produção (alimentos compostos para animais mais 31,6%, energia mais 34,5% e adubos e corretivos de solo mais 38,6%), muito impulsionado por uma forte especulação, teve um impacto negativo no rendimento dos agricultores, “que não conseguem escoar a produção a preços justos e capazes de compensar” estes aumentos.
“A situação é tanto mais grave na medida em que o rendimento dos agricultores já antes era de cerca de metade do rendimento dos demais cidadãos e as medidas de apoio decretadas deixam de fora milhares de pequenos e médios produtores”, destaca no comunicado.
A confederação reforça a necessidade de o executivo tomar medidas concretas para resolver as dificuldades, para regular e assegurar o escoamento dos produtos agrícolas, pecuários e florestais a preços justos à produção, ou para o controlo dos preços dos fatores de produção, designadamente combustíveis, energia, fitofármacos, fertilizantes, sementes, rações para animais, maquinarias, entre outros;
A CNA defende também a promoção e adoção regulamentar dos circuitos curtos e mercados de proximidade, designadamente através de cantinas e outros estabelecimentos públicos, a regulamentação da atividade comercial dos hipermercados e grandes superfícies comerciais, a proibição da venda com prejuízo em todos os elos da cadeia agroalimentar e a regulamentação e controlo das importações para salvaguardar a comercialização da produção nacional.