Diana Valente, de 27 anos, médica veterinária de formação, é a grande vencedora da 2ª edição do Programa TalentA com o projeto “Prazeres do Mondego”. A cerimónia de atribuição do prémio realizou-se esta terça-feira, dia 8 de março, na sede da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, em Lisboa, por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
O projeto de Diana Valente encontra-se localizado em Montemor-o-Velho, e tem como atividade principal a cerealicultura e a produção de bovinos de came de raças autóctones. Em entrevista à Rede Rural Nacional, a vencedora fala sobre o seu projeto e o que significou receber este prémio.
Fale-nos um pouco no seu projeto. Como nasceu e que impacto está a ter na região onde está a ser desenvolvido?
Este projeto nasceu da minha vontade em cumprir a nobre missão de todos os agricultores, que é a de produzir alimentos, mas também do meu desejo de fazer algo diferente e inovador, sem nunca perder a ligação à origem. Assim, tendo eu nascido no seio de uma família de agricultores da região do Baixo Mondego, acompanhei, desde cedo, o trabalho diário da minha exploração familiar. Isto fez com que me apaixonasse pelo setor e desejasse que o meu futuro profissional passasse pela implementação de um projeto agrícola. Este projeto é dedicado às culturas do Milho e Arroz Carolino, produtos típicos da região do Baixo Mondego, mas também à produção de Bovinos da raça autóctone Jarmelista. Esta é uma raça em risco máximo de extinção, pelo que pretendo, desta forma, contribuir ativamente para a conservação destes Recursos Genéticos Animais.
Que barreiras encontrou na implementação do seu projeto e no setor por ser mulher (num meio tradicionalmente masculino)?
Além de todas as barreiras associadas ao setor agrícola, as quais se impõem a todos os que nele trabalham, existem muitos outros desafios impostos às mulheres. Assim, enquanto mulher e jovem, tenho vindo, ao longo dos anos, a deparar-me com inúmeras dificuldades muitas vezes associadas à descredibilização do trabalho feminino e do conhecimento de alguém cujos anos de experiência ainda são reduzidos. Penso que este ponto tem vindo a ser trabalhado ao longo dos anos, o que tem conduzido a uma melhoria significativa na forma como se analisa o trabalho feminino. O Programa TalentA é a prova de que tem existido um esforço para valorizar o papel desempenhado pelas mulheres, nomeadamente das que se encontram nas zonas rurais e que pretendem dedicar-se à agricultura.
Que significado tem este prémio para si?
Este prémio tem um significado muito especial para mim, pois reflete o reconhecimento do meu trabalho ao longo dos anos. É a prova de que o trabalho, esforço e dedicação nos pode levar onde quisermos. Além disso, enquanto mulher é muito importante ter este reconhecimento e valorização, que são a prova de uma mudança fundamental para o nosso setor e sociedade.
O Programa TalentA
O programa TalentA foi lançado em 2021 pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e pela Corteva Agriscience e tem como objetivo empoderar as empreendedoras rurais e capacitar os seus projetos com formação e financiamento, contribuindo para a sua expansão. Esta iniciativa pioneira em Portugal soma já mais de 140 inscrições de mulheres rurais na agricultura, das quais, nesta 2ª edição, foram eleitos três novos projetos, de que resultaram numa vencedora e duas finalistas.
O artigo foi publicado originalmente em Rede Rural Nacional.