|
|
|
|
|
– 25-03-2005 |
[ Agroportal ] [ Nacional ] [ Internacional ] |
M�scaro, uma iguaria silvestre que Cantanhede quer valorizarCoimbra, 24 Mar O munic�pio de Cantanhede e entidades públicas ligadas � agricultura e florestas associaram-se a um grupo de investigadores do Departamento de Bot�nica da Universidade de Coimbra (UC), com a intenção de melhor conhecer e valorizar essa iguaria silvestre que, pelo Outono, brota nos solos arenosos dos pinhais da regi�o. Dos resultados prev�-se uma aplica��o pr�tica, que permita potenciar essa riqueza, quer em termos gastron�micos, quer no agro-turismo, e ajude, um dia, a alcan�ar o estatuto de produto regional certificado. Pouco se conhece da biologia deste cogumelo e nessa curiosidade se motivaram os cientistas da UC, Também estimulados pela import�ncia e impacto que os seus resultados poderiam ter na economia das popula��es rurais daquela zona. Num primeiro projecto, financiado pelo programa AGROS, juntaram-se investigadores universit�rios ao Instituto para o Desenvolvimento Agr�rio da Regi�o Centro (IDARC) e � Direc��o Regional da Agricultura da Beira Litoral (DRABL). No decurso da investiga��o, iniciada no Outono de 2004, para decorrer durante tr�s anos, pretende-se realizar um invent�rio das áreas mais produtivas, fazer estimativas de produ��o anual e testar processos de colheita. No segundo projecto, igualmente com a dura��o de tr�s anos, mas financiado pela Funda��o para a Ci�ncia e Tecnologia, a investiga��o incidirá na biologia e ecologia do m�scaro, saberes considerados indispens�veis para a gestáo sustent�vel deste recurso. A segunda investiga��o, que se interliga com a primeira, e que dever� prosseguir em anos subsequentes, terá in�cio antes da colheita do próximo Outono. Neste caso, os investigadores universit�rios associaram-se � empresa municipal de Cantanhede Inova, interessada no aproveitamento dos resultados. O m�scaro � um fungo, um organismo micorr�zico. Vive em simbiose com certas plantas, neste caso com o pinheiro bravo, e através das ra�zes deste faz a troca de nutrientes, necess�rios ao desenvolvimento de ambos. Nos �ltimos anos a ideia generalizada � de que em Cantanhede se tem notado uma intensifica��o no n�mero de colectores, mas Também uma acentuada diminui��o das quantidades colhidas. Avaliar esta informação � um dos objectivos e a equipa de investigadores coordenada por Teresa Gon�alves irá inventariar quantidades de produ��o e as áreas mais produtivas, bem como testar várias formas de colheita em parcelas demarcadas em pinhais do Estado. Em duas parcelas seráo testadas a colheita � m�o e com recurso a enxada, implicando esta a perturba��o do solo. Numa terceira não haver� colheita, apenas contagem, e numa quarta será feita a adi��o de "in�cuo" (obtido a partir dos cogumelos) na zona das ra�zes do pinheiro e avaliada a sua produ��o nos anos seguintes. Igualmente será estudada a produ��o desse cogumelo silvestre em função de outras vari�veis, nomeadamente comparando-a com a densidade e idade dos pinheiros e o tipo limpeza da floresta. Se os resultados apurados se revestem de grande import�ncia para a gestáo sustent�vel deste recurso, assumem igualmente elevada relev�ncia para a gestáo da floresta. O m�todo de colheita poder� ter influ�ncia na gestáo do pinhal, por se tratar de um organismo que vive em simbiose com o pinheiro. "A rela��o simbi�tica � uma rela��o de protec��o m�tua. Quando intervimos de uma forma muito dr�stica no solo, muito intensiva nos sistemas florestais, estamos a pôr em causa esse equil�brio", como poder� ser o caso da colheita do m�scaro, adverte a directora do Jardim Botúnico da UC, Helena Freitas, autora da ideia de promover esta investiga��o. Também de outros países, nomeadamente do Norte da Europa, chegam informações sobre a diminui��o da quantidade dos cogumelos, mas na opini�o de Teresa Gon�alves a� poder� estar-se perante a influ�ncia de outros factores. � reconhecido que a quantidade de precipita��o tem reflexos na produ��o, mas nesses países a quebra poder� Também resultar da polui��o, de chuvas �cidas, da acumula��o de metais pesados no solo. Ao estudar-se a gen�tica das popula��es seráo obtidas informações sobre a reprodu��o da esp�cie, nomeadamente a import�ncia dos esporos, para se compatibilizar a colheita com as possibilidades da sua dispersão natural. "Os cogumelos são a estrutura reprodutora. Quando são apanhados muito jovens, e fechadinhos, que � quando t�m maior valor comercial, estamos, desse modo, a fazer a dizima��o dos esporos", afirma � Agência Lusa a cientista. O estudo gen�tico permitirá ainda esclarecer eventuais d�vidas que possam surgir sobre a esp�cie, e assim prevenir a colheita de exemplares t�xicos, muitas vezes mortais para quem os consome. Ao envolverem-se com o IDARC e a Inova, os cientistas pretenderam que os resultados da investiga��o chegassem �s popula��es e ajudassem os decisores pol�ticos na adop��o de medidas para a gestáo sustent�vel da floresta e dos seus recursos. Segundo Teresa Gon�alves, a madeira continuar� a ser o principal rendimento da floresta, mas a gestáo sustent�vel do m�scaro poder� revelar-se como importante fonte de receita para as popula��es da regi�o e levar os propriet�rios florestais a um olhar mais atento sobre as matas. A difusão de bons m�todos de colheita, a forma��o das pessoas e a criação de um cart�o de colector de iniciativa municipal são possibilidades em equa��o. "Disciplinar a colheita e a comercializa��o dos cogumelos � o principal objectivo" do envolvimento da Inova, disse um dos seus respons�veis, Francisco Henriques. Admite que a autarquia avance para a criação de uma regulamento, de um cart�o de colector e promova ac��es de forma��o e sensibiliza��o, Também para "motivar os propriet�rios dos pinhais a proteger o que � seu, ao perceberem que o produto � valoriz�vel". A autarquia está empenhada em garantir a "sobreviv�ncia desse recurso", porque desse modo Também se promove o desenvolvimento sustent�vel da regi�o. E o m�scaro (Tricholoma flavovirens) h� muitos anos faz parte da gastronomia da zona das G�ndaras. Nos mercados, o quilo deste produto oscila entre os cinco e os oito euros, e cada vez mais o concelho de Cantanhede � procurado por forasteiros no Outono, que se embrenham nos pinhais � sua procura. Ao difundir as boas pr�ticas, criar um regulamento e instituir um cart�o de colector, em articula��o com a fiscaliza��o municipal, a autarquia quer Também proteger os interesses dos cidad�os do munic�pio, para que colham os benef�cios de um produto da sua regi�o. "Se não houver cart�o e regulamento vai-se delapidando um patrim�nio", pela colheita desregrada e por um n�mero cada vez maior de pessoas, seduzidos pela iguaria, ou em busca de uns recursos suplementares. Prosseguindo nesse caminho, um dia o m�scaro poder� aspirar � certifica��o como produto regional. E talvez ent�o, entre amigos, se possa escutar alguém a propor rumar a Cantanhede para comer m�scaros, como hoje se vai � Bairrada pelo leit�o, vaticina Francisco Henriques.
|
|
|
Produzido por Camares � – � 1999-2007. Todos os direitos reservados. Optimizado para o IE 5.#, resolu��o 800 x 600 e 16 bits |