A Lusomorango, associação que representa 42 produtores de pequenos frutos, enviou esta terça-feira (28 de maio) uma carta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, onde pede “melhores condições” para os cerca de 2200 trabalhadores estrangeiros que têm permitido combater “a situação de escassez de mão de obra disponível para trabalhar na agricultura” nacional. Na carta, enviada às redações, a associação diz ainda estar preocupada com o desenvolvimento no Perímetro de Rega do Mira, no Sudoeste Alentejano.
A Lusomorango diz que a área do Perímetro de Rega do Mira, é “um dos territórios em Portugal com maior potencial agrícola”, mas “os instrumentos de gestão territorial atualmente existentes não permitem explorar de forma consistente esse potencial”. Em causa está a situação dos trabalhadores imigrantes, alojamentos e ainda entraves ao processo de expansão agrícola.
A associação diz ainda estar “empenhada no diálogo institucional” e que nos últimos anos envolveu-se em dois grupos de trabalho, tendo apresentado propostas concretas na área do trabalho e do ambiente: “acreditamos que o diálogo institucional é a via para o desenvolvimento, mas a multiplicidade de entidades envolvidas neste diálogo, por um lado, e algum imobilismo de algumas dessas entidades em solucionar questões prementes, por outro, têm causado, senão um retrocesso, pelo menos um travão quanto às respostas que o setor merece e que, estamos certos, o território precisa”.
“A situação da escassez de mão-de-obra disponível para trabalhar na agricultura levou a que as empresas se vissem na contingência de recorrer a trabalhadores estrangeiros”, prossegue a associação, salientando que no universo das empresas que integram a Lusomorango “trabalham cerca de 2200 pessoas de mais de 30 nacionalidades”, trabalhadores esses que contribuem “para transformar este setor num campeão das exportações”.
A carta prossegue, referindo que dos 205 milhões de euros que o setor dos pequenos frutos exportou em 2018, 30% do valor das exportações nacionais de fruta, “26% teve origem na Lusomorango: amoras, framboesas, mirtilos e morangos”, o que corresponde a 54 milhões de euros.
“As empresas da Lusomorango, conscientes das suas responsabilidades, já apresentaram soluções de alojamento que, invariavelmente, esbarram em burocracias labirínticas”, aponta, considerando que as empresas “estão muito mais avançadas na sua disponibilidade para integrar estes trabalhadores migrantes do que as entidades públicas, que não têm resposta, mas que também não aceitam as soluções propostas”. A Lusomorango acrescenta ainda que quer fazer parte da solução e que “é preciso um decisor capaz de olhar para o território de uma forma estratégica e de funcionar como um efetivo impulsionador de um diálogo que seja consequente”.
A associação termina referindo que a Universidade Católica está neste momento a concluir, a pedido da Lusomorango, “um estudo sobre o impacto do crescimento da hortofruticultura na economia de Odemira, cujos resultados preliminares apontam para vendas estimadas de 211 milhões de euros em 2017”.