O Presidente do Brasil, Lula da Silva, pediu hoje aos agricultores que tenham cuidado com o meio ambiente para serem competitivos internacionalmente, após citar as restrições impostas pela Europa aos produtos provenientes de áreas desflorestadas.
“É importante levarmos em consideração que ser racional e cuidar de uma agricultura de qualidade é uma necessidade competitiva do Brasil, da China, da França, dos Estados Unidos e da Alemanha”, disse Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista a um grupo de rádios.
O Presidente brasileiro insistiu que os agricultores ajudem a cuidar do meio ambiente, principalmente da Amazónia, após citar o anúncio feito esta semana pelo Parlamento francês de que não ratificará o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) devido “à quantidade de veneno utilizada nos produtos agrícolas brasileiros”.
“O produtor rural sério sabe que será prejudicial ao seu negócio se exagerarmos nos incêndios, se entrarmos em terras reservadas, se poluirmos os rios. Todo agricultor inteligente sabe que a preservação ambiental é um valor adicional para os produtos que exportamos”, afirmou.
Lula da Silva também lembrou seu compromisso de acabar com a desflorestação na Amazónia até 2030.
O chefe de Estado brasileiro também disse que o Governo vai anunciar um ambicioso plano de apoio financeiro ao agronegócio para que o Brasil, um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, produza ainda mais.
“O que está em jogo é aumentar a capacidade produtiva deste país sem desflorestar ou queimar a Amazónia. Não precisamos cortar mais árvores para criar gado ou plantar soja”, afirmou.
Segundo Lula da Silva, para dobrar a produção agrícola, o Brasil precisa apenas de recuperar os 30 milhões de hectares de terras degradadas do país.
O Presidente pediu racionalidade aos agricultores três dias depois de se encontrar com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir a situação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE, aprovado em 2019, mas ainda depende de ratificação.
Lula da Silva reclamou na reunião tanto do instrumento adicional proposto pela UE para condicionar o comércio ao cumprimento das garantias climáticas quanto da legislação aprovada este ano pelos europeus que proíbe a importação de produtos provenientes de áreas desflorestadas.
Na mesma entrevista, o Presidente brasileiro expressou seu otimismo com o crescimento da economia e disse que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá este ano em mais de 2,5%, bem acima da expansão de 1,68% prevista pelos economistas.
“Estive em Hiroxima para discutir economia com o G7 e conversei com a diretora do FMI. Disse a ela que a encontraria no final do ano para dizer que suas projeções de crescimento para o Brasil estavam erradas, que vamos crescer 0,9% e acho que talvez vamos crescer mais de 2,5%”, concluiu Lula da Silva.