Aos 77 anos, é um viticólogo desconhecido dos consumidores, mas muito respeitado no sector. Hoje, com os filhos, faz experiências na Quinta do Lagar Novo, Alenquer. O seu testemunho.
Vão longe os meus tempos de criança, quando comecei a olhar a renovada paisagem das vinhas, decorriam os primeiros anos da década de 50 do século passado e aproximava-se a recuperação plena das áreas derrotadas pela crise filoxérica.
As vinhas de então eram significativamente diferentes — pelas castas utilizadas, pelas densidades de plantação, enfim, pela tecnologia cultural dominante.
Para a plantação de novas vinhas, faziam-se as surribas, ou saibramentos — cavas, feitas por esforçados trabalhadore nofollowzs, que atingiam 1,2m de profundidade. Depois plantava-se o porta-enxerto, em compassos de quadrícula próxima de 7×7 palmos (1,40 x 1,40 m) e densidades de plantação da ordem das 5000 a 7000 videiras por hectare. Por fim, a enxertia feita no local utilizava garfos em mistura de castas – por vezes incluindo brancas com tintas.
Em Alenquer, como por todo o país, não se dava então grande importância ao factor casta; privilegiava-se a origem e o mérito da vinha mãe quanto às uvas que produzia e aos vinhos que originava. Predominavam entre as castas brancas a Fernão Pires, Vital, Jampal e, em menor escala, Diagalves, Alicante Branco e outras. Entre as castas tintas, Castelão, Trincadeira Preta, Camarate e Tinta Miúda eram as mais representadas, mas existiam também Parreira Matias, Preto Martinho, Grand Noir, Alicante Bouschet, Tinturier.
O sistema de condução era em forma livre – taça, com poda mista ou longa e empa em argola com asa de mosca; as vinhas não eram aramadas e a sustentação da vegetação fazia-se com tutores individuais de paus de pinho ou canas.
As fertilizações eram escassas e raras, utilizando-se esporadicamente estrumes, sulfato de amónio e fosfatos — enterrados em covas abertas à enxada, entre […]