A Associação dos Amigos da Amendoeira (AAA), de Freixo de Numão, Vila Nova de Foz Côa, defendeu hoje o plantio 20 mil hectares de amendoal nos próximos três anos, sob pena daquela cultura enfrentar graves dificuldades.
O presidente da associação, Joaquim Grácio, disse à agência Lusa que Portugal necessita anualmente de cerca de seis mil toneladas de miolo de amêndoa e só produz cerca de duas mil, o que é “claramente insuficiente para suprir as carências internas, que são satisfeitas com recurso a importações, quando existem aqui condições para o amendoal se desenvolver”.
“É um sector arreigado na cultura das populações, uma produção que pode servir como contrafogo em caso de incêndios florestais e que, se for devidamente apoiado, tem futuro e grande impacto na vida socioeconómica das populações, designadamente em Trás-os-Montes e Alto Douro”, afirmou.
Joaquim Grácio considera que o amendoal “deve ser apoiado à semelhança do que acontece com o recentemente anunciado pelo ministro José Luís Arnaut, no distrito de Bragança, para o sector do olival, que é apoiado com 20 milhões de euros”.
O dirigente associativo sugere que, tal como acontece em Espanha, “em que a União Europeia concede uma ajuda de 120,75 euros por hectare e as regiões contribuem com igual montante, o Governo português apoie também o sector do amendoal, dado que actualmente só é recebida a ajuda comunitária de 120,75 euros”.
“Só a região da Andaluzia foi apoiada em 30 milhões de euros entre 1989 e 2000”, observou Joaquim Grácio.
Por seu turno, Vítor Sobral, da recém-criada Cooperativa dos Produtores de Amêndoa (Côa-Amêndoa), também sedeada em Freixo de Numão, sublinhou que a amêndoa sofreu uma desvalorização significativa nos últimos 15 anos, o que levou em muitos casos ao abandono da cultura, mas que “começa a ter já uma certa valorização”.
Vítor Sobral sublinhou que a amêndoa do Douro “tinha tal importância que chegou a ser cotada na Bolsa de Londres”, facto confirmado à agência Lusa por Jorge Carqueja Rodrigues, industrial português do sector, que afirmou que tal não acontece há 20 anos.
Vítor Sobral observou que Portugal, que é carente deste fruto seco, enfrenta a concorrência da Califórnia (Estados Unidos da América) e de Espanha, mas que, no caso do Alto Douro e Trás-os- Montes, existem condições para a recuperação e renovação da cultura, desde que “haja motivação e apoio do Estado para os agricultores”.
Além disso, considera importante a criação de um gabinete Técnico Integrado de Apoio aos Produtores de Amêndoa e a organização dos produtores ligados ao amendoal.
Segundo dados da AAA, a área de amendoal, que em 1989 era de 21.638 hectares na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, sofreu uma redução de 14 por cento, atingido os 41 por cento no concelho de Freixo de Espada à Cinta e 34 por cento no concelho de São João da Pesqueira.