Hoje é dia de festa! Celebramos a vida!
Todos os dias são bons para celebrar a beleza e a diversidade na Terra, mas o dia de hoje, 28 de julho, instituído legalmente desde 1998 em Portugal como o Dia Nacional da Conservação da Natureza, dá-nos uma oportunidade de realçar a importância da conservação do património natural português. Muito dele, pela sua singularidade, é fator de afirmação da identidade nacional.
Portugal possui uma grande diversidade de paisagens, de património geológico e de biodiversidade e são inúmeros os benefícios que a sua conservação proporciona ao bem-estar humano (os chamados serviços dos ecossistemas ou numa identificação mais atual, as soluções de base natural), muito para além do seu valor intrínseco. Pensemos, por exemplo, na prevenção de riscos de cheia e/ou de seca, crises alimentares, na adaptação às alterações climáticas, na mitigação da pobreza ou na criação de economias sustentáveis.
No ICNF, ao exercermos a nobre função de autoridade nacional de conservação da natureza e da biodiversidade, acreditamos que muito deste património natural diferenciador é resultado de uma relação harmoniosa entre a atividade humana e a natureza. A manutenção dos elementos presentes está muitas vezes dependente, direta ou indiretamente, dessa mesma atividade.
Neste contexto, as áreas classificadas têm todas as potencialidades para serem estimuladas como motor de desenvolvimento local e regional, enquanto suporte da manutenção de espécies e habitats, que afinal formam a base de capital natural para este desenvolvimento equilibrado.
Uma vez identificado o património natural próprio e distintivo a conservar e a valorizar, estes espaços podem e devem ser palco de sinergias com a população local e uma multiplicidade de setores e atores, desde a ciência, a educação, a cultura, a economia, a comunicação, o turismo, entre muitos outros.
Igualmente nesta lógica, estas sinergias deverão promover a integração dos modelos de financiamento necessários, entre o setor público, o setor privado, através da utilização do investimento verde e sustentável, e numa lógica de benefício comum.
Todos devem apropriar-se e criar um sentimento de pertença em relação aos espaços naturais.
É sem dúvida de grande importância o saber adquirido ao longo dos tempos, mas é essencial o envolvimento dos jovens, as gerações futuras, herdeiros desta Terra em todo este processo.
A oportunidade consiste em estudar, monitorizar, recuperar e conservar o nosso capital natural. As soluções de base natural, a conservação, mas igualmente o restauro de biodiversidade e geodiversidade, são hoje em dia processos inequívocos e que têm sido prioridade de investimento.
Dando corpo a esta necessidade, o ICNF promoveu e está envolvido em vários projetos, financiados diretamente ou aproveitando fundos comunitários, identificando-se, entre muitos outros, os seguintes, divididos em 3 grandes temas:
1 – Gestão de espécies
- Lince Ibérico – Reintrodução em Portugal
- Plano de Ação do Lobo-ibérico: Censo Nacional e Portal
- Apoio aos Centros de Recuperação da Fauna
- Apoio à Rede Nacional de Arrojamentos.
2 – Atualização de conhecimentos
- Elaboração da Lista Vermelha de grupos de Invertebrados Terrestres e de Água Doce de Portugal Continental
- Elaboração da Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental
- Revisão do Livro Vermelho dos peixes de águas dulciaquícolas e migradores (diádromos) de Portugal Continental e desenvolvimento de um sistema de informação sobre as mesmas espécies
- Revisão do Livro Vermelho das Aves de Portugal Continental
- Revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental e Contributo para a Avaliação do seu Estado de Conservação
3 – Controlo de Exóticas
- Prevenção e Gestão da Introdução de Espécies Exóticas Invasoras
- Proposta de Plano de Ação para o controlo do Siluro (Silurus glanis)
- Proposta de Plano de Ação para o controlo da sanguinária do Japão (Fallopia spp.)
- Prevenção e controlo de espécies exóticas invasoras aquáticas
- Intervenções para o controlo da erva-das-pampas (Cortaderia selloana) em Portugal continental.
A situação de pandemia em que vivemos hoje, mostra bem a importância do reencontro e do equilíbrio das pessoas com a natureza e de pensarmos nas repercussões globais das ações locais.
“Recordemos o nosso dever de conservar e usar de forma sustentável a grande variedade de formas de vida do planeta. Vamos trabalhar para manter um relacionamento mais solidário, atencioso e sustentável com a natureza.”
-António Guterres (Secretário-geral da ONU)
Este dia comemora ainda a fundação da Liga para a Proteção da Natureza (LPN), a primeira e mais antiga associação de defesa do ambiente criada em Portugal e a mais antiga da Península Ibérica, a par com o dia de aniversário do Parque Natural da Arrábida.
O artigo foi publicado originalmente em ICNF.