Queremos triplicar a comercialização da carne “Minhota”,
disse Teresa Moreira, presidente da cooperativa Agrominhota-Agrupamento de Produtores de Carne, Leite e Queijo de Raça Minhota, CRL. Este anseio surge na altura em que a certificação da carne “Minhota” completa o quinto aniversário (2013-2018) e estão criadas condições de ampliação da comercialização do produto no comércio tradicional e nas grandes superfícies.
A estratégia do Agrupamento passa por levar ao conhecimento do público o que Teresa Moreira considera ser “o último segredo da produção nacional”.
Desejamos que todos conheçam as características de uma carne que surpreende pelo sabor e composição, de uma raça produzida numa zona do país que oferece condições de produções excelentes, designadamente biológicas,
acrescenta a também presidente da Apacra-Associação Portuguesa dos Criadores de Bovinos de Raça Minhota.
A demonstração do valor nutricional e gastronómico da carne “Minhota” deverá ser do conhecimento não só do consumidor final como dos profissionais da restauração. Isto implica um esforço de conquista do país de norte para sul, o qual permitirá que todos os portugueses descubram uma das nossas maravilhas da produção nacional. Actualmente existe um total de 12.835 animais vivos, 6896 fêmeas e 139 machos, inscritos no “Livro de Adultos”, pelo que a criação da raça “Minhota” não atinge índices de massificação. Importa agora que todos os portugueses a descubram, facto que já acontece em Espanha, país que é o maior importador deste produto,
destaca Teresa Moreira.
Assim, o desafio da expansão passará obrigatoriamente pela presença do produto num muito maior número de talhos que o actual, valor que não chega a uma dezena, e que estão concentrados no Alto Minho. Ao nível da restauração, também será feito o esforço multiplicar a oferta desta carne nos respectivos cardápios. Actualmente, já são mais de duas dezenas de restaurantes que a oferecem, mas estão concentrados sobretudo no Alto Minho, Minho e Douro Litoral.
Com vista a incentivar a descoberta para consumo doméstico, o esforço passará por ampliar a presença da carne “Minhota” nas cadeias da grande distribuição, além das actuais insígnias Continente e Intermarché, e que estas também tenham o produto presente em todos os estabelecimentos.
Um segredo a descobrir
O principal produto da “Minhota” é a vitela, carne que apresenta uma alta luminosidade, de tons rosados pálidos e um elevado índice de amarelo, próprio de animais não desmamados. As vitelas e vitelos são criados e abatidos em condições, peso e idade previamente definidos, para que dessa forma se obtenha um produto de excelência. Em termos gerais, os vitelos são alimentados à base do leite materno permanecendo estabulados com as mães nos primeiros 15 dias, após esse período são amamentados duas vezes por dia, saindo as vacas para a pastagem. Sendo o leite a base da sua alimentação, são suplementados com ração e feno até aos três meses, altura que é introduzido na dieta um pouco de silagem de milho. O aleitamento é, na maioria dos casos, realizado até ao abate. As vacas são alimentadas parcialmente na pastagem, sendo suplementadas com feno, silagem de milho e outros subprodutos da exploração.
As carcaças certificadas como “Carne Minhota”, são provenientes de animais de raça “Minhota”, inscritos o livro de nascimentos, e filhos de pai e mãe inscritos no livro genealógico da Raça Bovina Minhota. As vitelas e vitelos são criados e abatidos em condições, peso e idade previamente definidos, para que dessa forma se obtenha um produto de excelência. Para tal, existe um sistema de controlo e certificação que permite assegurar a rastreabilidade completa do produto “Carne Minhota” até à sua origem.
Uma variedade única
A produção de machos castrados, com grande tradição em algumas regiões, tem tendência a recuperar um lugar de destaque, pela maior valorização da carne, mas, sobretudo, pela exportação para Espanha, mercado que absorve grande parte da produção. Os animais são castrados entre os seis e os oito meses e atingem um enorme desenvolvimento, sendo normalmente abatidos depois dos três anos. As carcaças apresentam excelente conformação e a carne é de elevada tenrura.
Além do mais, a raça “Minhota” caracteriza-se por ser a única raça portuguesa de tripla aptidão: carne, leite e trabalho. Alguns destes animais atingem produções leiteiras superiores a 5.000 kg aos 305 dias e teores butirosos e proteicos de 4,4% e 3,5% respectivamente, e um elevado rendimento queijeiro. Estes animais são indicados para produções diferenciadas e, pela sua rusticidade, estão particularmente bem adaptados a regimes extensivos e em especial ao modo de produção biológico.
A produção de trabalho, outrora muito importante, é hoje residual, estando ligada a pequenos criadores que utilizam as vacas no transporte de erva, mato ou estrume.
Relativamente à produção de carne, a Minhota destaca-se pelo seu elevado desempenho produtivo.
Designação DOP é o próximo passo
Foram precisos muitos anos de persistência por parte da Apacra-Associação Portuguesa dos Criadores de Bovinos de Raça Minhota e da Agrominhota para a obtenção da certificação da carne proveniente de animais da raça “Minhota”. A certificação foi publicada no dia 14 de Fevereiro de 2013, com a aprovação da rotulagem facultativa “CM – Carne Minhota”. Agora, a luta destas duas organizações é pela atribuição da designação DOP-Denominação de Origem Protegida, pedido que está em apreciação.
É também com base nesta expectativa que as duas entidades trabalham em prol de um crescimento sustentado e a desenvolver o plano de Melhoramento Genético da raça “Minhota”. Os objetivos passam ainda por ajudar a promover o desenvolvimento rural e a economia local, oferecendo melhores condições aos produtores e colocando à disposição de todos os interessados o que de melhor se produz no Minho.
Actualmente, a produção de leite é menos expressiva, mas nem por isso a menos importante. A valorização do leite proveniente de bovinos de raça “Minhota” só poderá ser possível através da implementação de pequenas unidades de produção, provavelmente para produção de queijo ou em explorações em Modo de Produção Biológico.
Entretanto, a utilização de sémen de raça “Minhota” no cruzamento com vacas de raça Frísia e cruzadas de carne tem tido um crescimento sustentado, sendo a exportação o grande desafio que se coloca actualmente. Para além de viabilizar economicamente o programa de melhoramento da raça, a exportação de sémen permitiria rentabilizar algumas estruturas associadas ao Programa de Melhoramento da Raça e valorizar os reprodutores de maior valor genético.