Num país em que 41% da população se fixa em Lisboa e Porto, fomos atrás de 30 pessoas que deixaram a cidade para trás. Na primeira pessoa, contam experiências, sonhos, ambições – mas também as dificuldades que encontraram neste rumo. São histórias de gente, do território, da coesão e da desertificação. Como a que levou Avelino Rego a Lamas.
O caminho faz-se pela estrada que serpenteia nos campos de cultivo. E apesar do calor percebe-se que à medida que subimos à aldeia de Lamas a temperatura vai caindo. A paisagem do Parque Natural da Serra do Alvão vai sendo pontuada por vacas que vagueiam com a calma própria dos grandes animais em liberdade. O encontro faz-se na aldeia, 950 metros acima do nível do mar, no local a que os animais irão regressar sozinhos ao fim do dia.
Sem estrada que mereça esse nome, daqui em diante o percurso faz-se num velho Corsa transformado em jipe que desbrava caminhos próprios para gado, que galga obstáculos com facilidade espantosa e nos ajuda a chegar perto das vacas que pastam – e de Avelino Rego, que mal abre o portão tosco de troncos retorcidos reforçado por pedras vê os animais inverter a marcha na sua direção.
Filho da terra, é criador de vaca maronesa e vai dando a atenção pedida aos animais, que vão sossegando ao som