O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (Apa) comprometeu-se hoje a encontrar financiamento no novo quadro comunitário de apoio para concluir a Ecovia do Litoral Norte, ligando Esposende a Viana do Castelo e Caminha.
“É um compromisso que deixo aqui, de acabar a ecovia. Ninguém nos ia perdoar, o território não nos ia perdoar se não formos capazes de concluir esse projeto que é verdadeiramente fantástico”, afirmou Pimenta Machado.
O responsável, que falava na Câmara de Viana do Castelo, revelou que tem mantido contactos com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) no sentido de identificar, ao abrigo do Portugal 2030, fontes de financiamento para a conclusão da ecovia, iniciada pela extinta Polis Litoral Norte.
A ecovia, com uma extensão de 72 quilómetros, está executada em cerca de 50%, com a construção de troços nos três concelhos, num investimento superior a oito milhões de euros, mas ainda está por concretizar a ligação entre Esposende, no distrito de Braga, e Caminha, passando por Viana do Castelo, no Alto Minho.
“Temos projeto. Ainda é preciso ligar as pontas soltas e por isso estamos a fazer o levantamento da parte que não está construída para criarmos condições para a executar. O momento é agora. É a única oportunidade que temos, quer os municípios quer a APA e a CCDR-N para concluir um projeto de referência. Quero acreditar que, muito em breve, com este trabalho conjunto vamos encontrar forma de concretizar um projeto único”, garantiu Pimenta Machado.
No final da sessão, questionado pelos jornalistas, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, referiu que “só existirá ecovia a ligar os três municípios se a ligação pedonal e ciclável sobre o rio Lima, a jusante da ponte Eiffel, for compatível com o padrão de qualidade do restante traçado”.
O autarca socialista adiantou que o município está a trabalhar no concurso internacional de ideias lançado em 2022, para avançar para a elaboração do projeto.
Atualmente, a única possibilidade de atravessamento do rio Lima na zona da cidade, pedonal ou com bicicletas, é pela centenária ponte Eiffel.
Em Viana do Castelo, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, visitou as intervenções realizadas no âmbito do REACT-EU – Reabilitação da Rede Hidrográfica do Município de Viana do Castelo, nomeadamente a estabilização de margens do rio Lima e a beneficiação de ‘habitat’ para espécies ribeirinhas em domínio hídrico, através da aplicação de soluções técnicas de engenharia natural.
Em 2023, a Câmara de Viana do Castelo investiu 341.277 euros na reabilitação de dois troços das margens do rio Lima, um compreendido entre a União de Freguesias de Mazarefes e Vila Fria e Vila Franca (margem esquerda), vulgarmente conhecida como Veiga de S. Simão, uma das zonas húmidas mais importantes do concelho, com valores naturais de extrema relevância para o bem-estar humano, e um segundo troço compreendido entre a União de Freguesias de Torre e Vila Mou e Lanheses (margem direita), que apresentavam graves problemas erosivos.
Os trabalhos preconizados assentaram numa estratégia de desenvolvimento sustentável para as margens das linhas de água e para a sua envolvente, através da implementação de soluções de reabilitação fluvial mais próximas da Natureza, em cerca de 4,5 quilómetros que promovem a consolidação das margens e a resiliência do território face ao impacto do risco das cheias, bem como a criação de um ambiente mais saudável.
Das técnicas de engenharia natural aplicadas, salientam-se a estacaria viva, o entrançado, as faxinas vivas, o enrocamento, o esporão e a plantação de espécies nativas.
Com estas intervenções estima-se que a curto/médio prazo seja reestabelecido o equilíbrio natural do ecossistema local.
Pimenta Machado sublinhou que o primeiro projeto da região norte a usar soluções de base natural foi o executado em Lanheses, Viana do Castelo, em 2014, e que foi replicado noutras zonas do país.