A EDIA instala 20 centrais solares para fornecer energia às estações elevatórias e reservatórios do sistema de rega e a EDP projecta abastecer 92 mil casas na produção eólica e solar.
A albufeira de Alqueva não é só regadio. O grande espelho d’água formado por uma das maiores albufeiras artificiais da Europa, para além do lazer que proporciona através da pesca desportiva, as viagens de barco, a observação do céu nocturno e as zonas balneares que ladeiam a enorme superfície líquida, está a reforçar a sua produção energética.
A conjugação da água, do ar e do sol vão transformar Alqueva, até 2025, numa enorme bateria de energia híbrida para fornecer água a cerca de 200 mil hectares de regadio e a quase 100 mil habitações.
À energia hídrica produzida pelas duas centrais hidroeléctricas (potência total instalada 520MW (megawatts), a EDP agregou, em Julho de 2022, uma central fotovoltaica flutuante com cerca de 12 mil painéis fotovoltaicos com uma capacidade instalada de 5MW. Este equipamento, considerado o maior da Europa instalado em albufeiras, tem registado uma “operação estável desde Julho do ano passado, mantendo-se a estimativa anual de produção de 7,5GWh (gigawatts hora)”, adiantou a empresa ao PÚBLICO.
“Isto não fica por aqui”, vincou Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, na intervenção que fez durante a cerimónia de inauguração da central solar. “Vamos expandir para cerca de 70MW.” Isso significa multiplicar quase 15 vezes e até 2025 a área ocupada pela central fotovoltaica já instalada. Os projectos de eólicas (as turbinas serão colocadas a alguns quilómetros de Alqueva) e solares, estão programados para produzir cerca de “150 MW de potência” acrescentou Miguel Stilwell.
Nova central aumenta plataforma flutuante
O PÚBLICO perguntou à EDP se esta segunda central flutuante seria instalada junto da primeira. A empresa explicou que “está a coordenar” a definição do projecto com as mais diversas entidades que intervêm no processo de licenciamento, para articular a sua instalação com as restantes actividades e utilizações na albufeira.
Um dos factores que dão rentabilidade às centrais fotovoltaicas reside no seu menor distanciamento de um ponto de ligação à rede pública para reduzir ao máximo as perdas de energia. Assim, é de admitir que a nova central flutuante “venha a ser instalada nas proximidades da que já está instalada”, admitiu ao PÚBLICO José Pedro Salema, presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, EDIA.
As especificações técnicas que acompanham a instalação de centrais flutuantes referem que apenas 3% da área da albufeira de Alqueva (25 mil hectares, quando se encontra totalmente coberta de água) será ocupada, no futuro, com painéis solares, deixando 97% da superfície liberta para outras actividades. […]