A médio prazo o preço dos alimentos vai forçosamente aumentar com os custos de produção. A prioridade dada à transição digital sobre a transição ecológica é de uma irresponsabilidade revoltante.
Sabe-se que haverá cada vez mais secas e cheias, que a área de terras aráveis vai diminuir e a população aumentar, que a qualidade dos solos se está a deteriorar. Como se pode então pensar que o preço dos alimentos pode descer? É certo que mais de 50% desse preço vai para a transformação e a distribuição, e que parte da inflação se deve à concentração do capital no sector agroalimentar. Mas a médio prazo o preço dos alimentos vai forçosamente aumentar com os custos de produção. Neste contexto, a prioridade que tem sido dada à transição digital sobre a transição ecológica é de uma irresponsabilidade revoltante.
A água não chega para todos
A água é a ilustração mais gritante da insegurança alimentar que nos ameaça. O PÚBLICO reproduziu há dias declarações de especialistas do Alqueva: a água não chega para tudo e para todos. Sabe-se que a chuva total no planeta será a mesma, mas vai chover em locais e com intensidade diferente do passado. A Terra aqueceu, em média, 1,2 graus desde 1850, mas aqueceu 4 graus na Gronelândia e 1,7 graus na Europa ocidental. Vai ser necessário escolher. Vamos usar a água para o turismo, o uso doméstico, a agricultura intensiva ou a agricultura tradicional? O Plano Nacional da Água deverá ser revisto dentro de dois anos. Aguardemos as prioridades que aí serão estabelecidas.
Quem estiver atento percebe que a segurança alimentar é uma prioridade da diplomacia internacional da China. São disso exemplo as relações com o Brasil, a compra de terras em África e […]