É a maior ave voadora da Europa, podendo pesar 16 quilos. Em Portugal, resguarda-se essencialmente na região de Castro Verde. Com 800 indivíduos recenseados, está em decréscimo rápido. A alteração da paisagem alentejana é uma ameaça
“Bem-vindo à estepe!” A mensagem surge já na terra batida, com a paisagem infinita da planície a descansar o olhar. Ostenta a mensagem o perfil metálico de uma abetarda, a ave gigante que tem na zona de Castro Verde a sua casa. É o símbolo deste lugar, havemos de a ver replicada em rótulos de vinhos, em estatuária, porta-chaves. Porém, encontrá-la ao vivo é mais difícil. Não só porque é uma ave esquiva, mas também porque está em risco: aqui, em 12 anos, passou de 1400 para 800 indivíduos.
Rita Alcazar chega numa carrinha de caixa aberta, transportando umas proteções metálicas que são colocadas em ninhos para resguardar crias – neste caso, de tartaranhão. É uma das múltiplas atividades que a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) desenvolve neste território, com o intuito de proteger as chamadas aves estepárias: para além da abetarda, que aqui nos traz, o grou, o sisão, o peneireiro das torres e o tartaranhão-caçador. A coordenadora da delegação local da LPN acolhe-nos no Centro de Educação Ambiental de Vale Gonçalinho. Estamos em plena Reserva da Biosfera da UNESCO, uma das 12 existentes em todo o país.
O monte alentejano recuperado, equipado com painéis solares, é um espaço onde se acolhem os curiosos visitantes. Numa das salas estão fotografias, exemplos de ninhos, ovos, penas e outros detalhes das aves que aqui se tentam preservar. Mas é no terreno que se fazem as observações. Há dois percursos pedestres assinalados a começar aqui, que se aconselham a percorrer de manhã cedo, para evitar o calor que seca a paisagem. […]