A Universidade da Beira Interior, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, está a liderar um projeto que ambiciona desenvolver e valorizar o setor das plantas aromáticas e medicinais e cujo investimento global é de 950 mil euros.
Com a denominação “PAM4WELLNESS”, o projeto é desenvolvido em parceria com o Instituto Politécnico de Castelo Branco, já conta com financiamento no âmbito do programa Compete 2020 e decorrerá até junho de 2023.
Apostará na caracterização e valorização do conhecimento técnico-científico” da fileira das plantas aromáticas e medicinais, bem como no desenvolvimento de ferramentas tecnológicas que valorizem os sistemas de produção, explicou à agência Lusa a responsável pelo projeto, Ana Palmeira de Oliveira.
“Este projeto não visa tanto conhecer as características das plantas que existem, porque parte desse conhecimento já está produzido, mas sim verificar se as plantas que estão atualmente a ser produzidas são aquelas que a indústria cosmética e farmacêutica procura, de modo que os produtores possam adequar a sua oferta às reais necessidades e assim integrarem as redes de fornecimento destes setores”, apontou.
Lembrando que a fileira das plantas aromáticas e medicinais “apresenta um enorme potencial de crescimento a nível mundial, capaz de alavancar uma estratégia de desenvolvimento nacional”, Ana Palmeira de Oliveira salientou que este projeto permitirá transferir o conhecimento para os produtores, valorizando o mercado interno e capacitando-o para a exportação.
Deverá ainda contribuir para “familiarizar os atores da indústria cosmética e farmacêutica para a oferta de produção nacional de excelente qualidade”.
“Trabalharemos as cadeias curtas e de baixa pegada de carbono”, referiu a investigadora, ressalvando ainda que uma das componentes também inclui o desenvolvimento de modelos de negócio”.
Esta responsável sublinhou que o facto de o circuito internacional de matérias-primas ser deficitário constitui uma “janela de oportunidade” para a oferta nacional, que já apresenta capacidade de resposta pela diversidade e qualidade de produtos”, nomeadamente ao nível da produção de extratos de plantas.
O projeto será implementado em territórios de baixa densidade das regiões Norte, Centro e Alentejo, e contará com a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos com vista à valorização económica dos resultados, ao desenvolvimento tecnológico de sistemas de produção e aos modelos de organização e distribuição, bem como às práticas de sustentabilidade e economia circular.
Estão igualmente previstas ações de sensibilização, informação e demonstração em contacto direto com os produtores.
O projeto também incorpora uma forte componente tecnológica, com o desenvolvimento de ferramentas e plataformas específicas, nomeadamente a criação de uma plataforma ‘online’ de gestão de dados (controlo e gestão do sistema de rega localizada) e de uma ferramenta informática de rastreabilidade das plantas aromáticas e medicinais, através da tecnologia ‘blockchain’.
O desenvolvimento de uma ferramenta computacional de simulação da pegada ambiental no setor, a criação de uma plataforma colaborativa em suporte ‘cloud computing’ e a criação de um painel de bordo com indicações de monitorização, são outras das ações previstas.
Este projeto também prevê ações de informação e interação com produtores agrícolas e florestais, sendo que a primeira está agendada para os dias 28 e 29, em Moura, no distrito de Beja.