O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, qualificou hoje as restrições europeias às exportações de cereais ucranianos como inaceitáveis e cruéis, numa conferência de imprensa em Kiev com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
“Qualquer restrição às nossas exportações é absolutamente inaceitável, porque reforça as capacidades do agressor russo”, afirmou Zelensky, citado pela agência francesa AFP.
O líder ucraniano apelou para que a União Europeia (UE) elimine as restrições “o mais rapidamente possível”, considerando-as como “medidas protecionistas severas e mesmo cruéis”.
“Em tempo de guerra, só podem desiludir”, acrescentou.
Von der Leyen deslocou-se hoje a Kiev para celebrar o Dia da Europa na capital ucraniana.
No final de abril, a Comissão Europeia negociou um acordo com cinco Estados-membros (Polónia, Hungria, Eslováquia, Bulgária e Roménia) para ultrapassar proibições de importação de cereais ucranianos.
O acordo seguiu-se à decisão de Polónia, Hungria, Eslováquia e Bulgária de proibir a importação de cereais e outros produtos agrícolas ucranianos para proteger os respetivos agricultores.
Na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a UE suspendeu os direitos aduaneiros sobre produtos ucranianos para permitir a Kiev exportar cereais, face ao bloqueio das habituais rotas do Mar Negro.
Em consequência, os países vizinhos da UE assistiram a um aumento das chegadas de cereais da Ucrânia, o que provocou a sobrelotação dos silos devido à falta de logística adequada e fez baixar os preços, desestabilizando os agricultores locais.
A ONU e a Turquia negociaram acordos com a Rússia e a Ucrânia para permitir o escoamento de milhares de toneladas de cereais retidos em portos sob bloqueio russo através do Mar Negro.
Na conferência de imprensa, Zelensky disse também que no encontro com Von der Leyen pediu que a UE acelere o fornecimento de munições de artilharia à Ucrânia.
Zelensky agradeceu à presidente da Comissão Europeia a decisão da UE de fornecer as munições, antes de insistir num calendário.
“Discutimos a questão fundamental: a rapidez do fornecimento e da entrega destas munições. Já são necessárias no campo de batalha”, acrescentou.
A Comissão Europeia aprovou, em 05 de maio, um pacote económico de mil milhões de euros para financiar a compra de munições para a Ucrânia, numa altura em que o país prepara uma contraofensiva.
A guerra na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de mortos e feridos no conflito, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.
Os aliados ocidentais da Ucrânia, incluindo a UE e os Estados Unidos, têm fornecido armas a Kiev para combater as tropas russas.
Impuseram também sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.