O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil – SinFAP, tomou conhecimento após várias denúncias, que as cento e uma carrinhas entregues pelo governo, num investimento de cerca de 5,4 milhões de euros, apoiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), não estão preparadas para realizar a captação de água, por via do sistema de absorção, ao contrário dos anteriores modelos que estavam equipados com este mecanismo. Atualm
ente apenas poderão acoplar as mangueiras de enchimento a camiões cisterna dos Bombeiros ou a bocas de incêndio, que são inexistentes nas áreas florestais.
Esta situação faz com que a resposta se torne mais precária e penosa para os Sapadores Florestais, assim como, dificulta a sua atuação na proteção de pessoas e bens, uma vez que terão que aguardar por meios pesados dos corpos de bombeiros ou ter a sorte de encontrar uma boca de incêndio em plena área florestal.
Trata-se de um problema caricato, uma vez que quem realizou o concurso de compra destas viaturas não teve em conta o trabalho que os Sapadores Florestais executam em matéria de combate aos incêndios rurais, desconhecendo não só o seu trabalho como a realidade dos incêndios em Portugal. Recordamos que a taxa de sucesso na primeira intervenção está fixadas nos 75%. Este número só é possível, graças à pronta resposta dos Sapadores Florestais, que se encontram espalhados por todo o território nacional e que são o maior apoio dos Corpos de Bombeiros e de outras forças.
Aproximamo-nos da época mais crítica de ocorrência de incêndios, e nesta altura foi ordenada a recolha dos rádios SIRESP para serem reprogramados, deixando várias equipas sem qualquer sistema de comunicação, o que faz com muitas equipas fiquem às “escuras” sem saberem o que se passa à sua volta em caso de incêndio.
O SinFAP condena a recolha dos rádios SIRESP na época crítica, quando houve tempo suficiente para que a reprogramação fosse efetuada no resto do ano. Recordamos que por palavras do senhor Primeiro-Ministro António Costa, no dia 24 de maio, a uma resposta do grupo parlamentar do PSD, dizia que a reprogramação dos rádios não ia afetar os trabalhos do dispositivo de combate a incêndios, situação que não se verifica na prática no terreno.
Importa garantir que todos os intervenientes do Dispositivo de Combate a Incêndios Rurais sejam equipados com comunicações fixas ou móveis, para que possam cumprir a sua missão, no sentido de proteger a população e os seus bens, assim como as áreas florestais.
Numa altura em que os termómetros atingem valores extremos e o risco de incêndio aumenta, é fundamental que os alertas emitidos pela ANEPC sejam antecipados para que todos possam responder com a prontidão e o descanso que todos os operacionais merecem, para que possam cumprir com o seu trabalho nas melhores condições físicas e psicológicas.
Alertamos que há Sapadores Florestais que executam trabalho de silvicultura preventiva mesmo com temperaturas de 30º/40ºC correndo riscos para a sua saúde, como é disso exemplo o caso do jovem que sofreu um golpe de calor derivado à exposição solar e ao exercício físico rigoroso, também os Sapadores Florestais estão sujeitos a este cenário, sobretudo os elementos das brigadas de sapadores florestais, que graças a um técnico especialista, os sujeita ao trabalho silvícola, mesmo quando todas as equipas estão nos seu locais de estacionamento estratégico em ações de vigilância.
É lamentável que a vida dos nossos operacionais que todos os dias trabalham na proteção de pessoas, bens e floresta seja tão insignificante para alguns técnicos, que desconhecem a sua dura realidade e os vejam apenas como um número, numa das milhares de apresentações que ocorrem para justificar os hectares feitos ao abrigo do Serviço Público, do Programa de Sapador Florestal.
O SinFAP exige a intervenção do Ministério do Ambiente e Ação Climática, de forma a que, perante o calor extremo, todas as equipas e brigadas de sapadores florestais, cessem todas as ações de silvicultura preventiva e se posicionem nos seus locais de estacionamento estratégico, em ações de vigilância e consequente ataque inicial, em caso de deteção de incêndio nascente.
Fonte: SinFAP