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– 10-05-2002 |
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Timor-Leste / Independ�ncia : está a morrer a galinha dos gr�os de ouroTimor-Leste pode ter o melhor caf� do mundo mas Também pode ver o seu único produto export�vel desaparecer no período de dez anos. � preciso agir j�, avisa quem entende do assunto. A decisão � aparentemente simples e a solu��o Também não parece complicada. Revitalizam-se as plantações, impede-se a morte das �rvores que lhes fazem sombra, amea�adas por uma praga, ensinam-se novas t�cnicas de trabalhar o produto e mant�m-se a produ��o biol�gica, apostando na qualidade. Agindo assim mant�m-se uma produ��o que emprega e d� de comer a quase 25 por cento da popula��o timorense, embora na verdade o caf� de Timor não represente nada no mercado internacional. "O que o torna mais apetec�vel � um valor acrescentado", diz Abdul Allibhoy, representante no territ�rio da empresa portuguesa Delta Caf�s. Para se ficar com uma ideia deste mercado basta ver os n�meros: o Brasil produz por ano 50 milhões de sacos de caf� (cada um com 60 quilos), o Vietname ultrapassou este ano a Col�mbia e produz 13 milhões. Timor-Leste ficou-se pelos 100 mil sacos. Um "gr�o", mas mesmo assim a �nica exportação do "novo país" e aquela que, a par do petr�leo, lhe poder� dar mais lucro. Mas as coisas não são assim t�o simples. Que o diga Jo�o Salcina. Tem 34 anos, quatro filhos para alimentar e 200 p�s de caf� ar�bica e robusta a 1.500 metros de altitude, em Vineale, nas encostas que rodeiam Ermera, a sudoeste de D�li. Vende o caf� em D�li e em Ermera a 35 c�ntimos cada quilo (o pre�o mais baixo das últimas duas d�cadas, principalmente pela entrada "em for�a" do Vietname no mercado) e diz que se não fosse o trabalho na agricultura o caf� não lhe dava para viver. Este ano consegue tr�s sacos, de 100 quilos cada, de caf� robusta e um saco e meio de ar�bica. No ano passado vendeu seis sacos de robusta e quatro de ar�bica. "� por causa da morte da madre cacau, está cheia de bichos", justifica. � vis�vel nas encostas de Ermera (onde se produz 50 por cento do caf� de Timor) a praga que ataca a Albizia, a �rvore gigantesca que com a sua sombra protege o caf� e a que os timorenses chamam "madre cacau". Rui Melo, engenheiro agr�nomo, chefia em Gleno, a poucos quil�metros de Ermera, a missão agr�cola portuguesa que entre outros trabalhos está a estudar o caf� timorense. Diz que ainda não se sabe muito bem a dimensão do problema da Albizia, detectado h� dois anos e que está a alastrar assustadoramente. As �rvores perdem as folhas, secam, caem, e o caf� fica desprotegido. "Fizeram-se estudos, h� laboratérios na Indon�sia, na Austr�lia e em Portugal a tentar perceber o que se passa", conta Rui Melo, assustado com a "tend�ncia para o país desertificar se a Albizia morrer". "S� h� tr�s solu��es: ou se revitaliza, ou se substitui ou se encontra uma Albizia com capacidade de luta contra a doen�a", esclarece, acrescentando que a situa��o pode levar a que, se nada for feito, "dentro de dez anos o caf� acabe no territ�rio". além da morte da Albizia (uma �rvore de crescimento r�pido), outro problema do caf� � o desleixo a que este foi votado no tempo dos indon�sios. A grande qualidade está a desaparecer porque os timorenses encaram a cultura como "uma mera actividade de recolha". A produ��o org�nica, como esta, tem muita procura no mercado mundial, mas as plantas estáo velhas, não h� "uma condu��o do cafezal, não se fazem podas, não se capinam os terrenos", diz, salientando a necessidade de replantar o caf�, saber aproveitar as condi��es climatéricas excelentes e ter a preocupa��o da qualidade. Um discurso id�ntico ao de Allibhoy. "Na �poca da Indon�sia perdeu-se a cultura da qualidade. Foram 24 anos de descuidos devido aos quais se perderam muitas pr�ticas", considera, frisando que a empresa que representa apenas compra caf� de qualidade, por estratégia mas Também para incentivar as boas pr�ticas na produ��o. Abdul Allibhoy reconhece que h� um problema para resolver com a Albizia ("imagino que estejam a tentar resolver") mas fala dos outros Também: "não se limpou o campo, não se renovaram as �rvores (do caf�)". A sorte dos timorenses � que as condi��es climatéricas são t�o boas que h� p�s de caf� com 40 anos em quase plena produ��o, quando o normal � um período de vida que não vai além dos 25. além disso "Timor � o único país do mundo onde o caf� � todo biol�gico", frisa, explicando que as 800 toneladas que a Delta comprou a Timor-Leste no ano passado eram de muita qualidade. Com m�o de obra das mais caras de toda a regi�o, com estradas semi-destru�das ou mesmo inexistentes, com 25 a 30 mil produtores aos quais � preciso ensinar a nova filosofia, o futuro terá de ser de muito trabalho, nomeadamente para o governo timorense. E não h� meio termo. Porque ou a Albizia morre e com ela morre o caf�, ou se investe nesta área e Timor-Leste pode ter "o melhor caf� do mundo".
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