A seca e as altas temperaturas diminuíram a produção de melão casca de carvalho, na variante do Vale do Sousa, mas a qualidade mantém-se, indicou hoje um técnico da Direção Regional de Agricultura do Norte.
“Temos aqui melões de boa qualidade”, afirmou à Lusa José Rocha, quando, como membro do júri, avaliava os 22 melões a concurso na Agrival (Feira Agrícola do Vale do Sousa), que decorre até domingo, em Penafiel.
O técnico explicou que as altas temperaturas de há algumas semanas estragaram os melões que estavam, na altura, numa fase avançada de amadurecimento.
“Esses não ficaram bons”, assegurou.
Contudo, prosseguiu, os seguintes já beneficiaram da descida das temperaturas, o que se traduziu numa melhor qualidade, hoje observável no concurso da Agrival, mantendo-se assim o preço de cinco a seis euros o quilo do melão casca de carvalho.
O preço elevado explica-se, anotou, pelo facto de apenas 20 a 30% da produção do fruto ter a qualidade exigida pelos apreciadores.
José Rocha assinalou que o “ponderado”, uma das três variantes do melão casca de carvalho, que predomina no Vale do Sousa, é habitualmente preparado pelos produtores para estar maduro por altura da Agrival, quando é procurado por milhares de apreciadores.
O técnico disse que até esperava um menor número de participantes no concurso, mas aquele número deverá, admitiu, refletir o aumento de produtores que se tem observado no território.
A “excelente promoção” realizada pela Confraria do Melão Casca de Carvalho, com sede em Penafiel, poderá, disse, explicar a adesão de mais produtores.
O melão “ponderado”, que se caracteriza pela sua polpa de cor salmão, é o mais equilibrado das três variantes do melão casca de carvalho, em termos de picante e doçura, explicou.
O melão “fino”, da zona de Vila Verde, tem uma casca mais fina e o melão “robusto”, o mais picante, é da zona de Barcelos, Trofa e Famalicão.
No Vale do Sousa, o método de cultivo é o tradicional, que tem passado de geração em geração, em propriedades de pequena dimensão e, por isso, mais sensíveis às mudanças climatéricas, como aconteceu este ano.
Na variante “robusto”, observou o técnico, já se encontram produtores com áreas de produção superiores a dois hectares, algumas com estufas que protegem as plantas, o que não acontece na zona de Penafiel.
Rodrigo Lopes, da Câmara de Penafiel, que também integrou o júri, destacou à Lusa a qualidade da maioria dos melões a concurso, recordando ser “uma marca de Penafiel”.
“Olhem só para aquela cor salmão”,comentou.
Sinalizou, também, o facto de este ano haver mais coocorrentes na Agrival, refletindo a aposta da autarquia e da confraria na promoção do produto.