A Cooperativa de Felgueiras, um dos maiores exportadores de kiwi em Portugal, receia que se a situação de seca se mantiver terá consequências no verão e dificultar a produção do fruto, disse hoje um técnico da instituição.
“Nesta altura não está a preocupar, porque a planta está em repouso vegetativo, mas se não houver reposição dos aquíferos vai haver problemas no período estival”, explicou à Lusa Humberto Reis.
Para aquele especialista, é fundamental para uma boa colheita que “exista muita água no solo de maio a setembro”, daí, insistiu, a importância de chover bastante antes dessa fase, ou seja até abril.
Com os solos mais secos, haverá necessidade de mais regadio e isso acarretará custos acrescidos para os produtores, lembrou depois.
A cultura de kiwi, que tem em Felgueiras a maior área do país, com cerca de 300 hectares e 140 produtores, precisa de bastante humidade, razão pela qual, prosseguiu, se tem vindo a apostar em melhorar os sistemas de regadio, cada vez mais eficientes.
Essa situação, previu à Lusa, deverá garantir que a produção não se ressinta da seca, sobretudo se não for verificado “um grau muito severo”.
“Não há ainda motivos para dramatizar”, observou.
Ao invés, mostrou-se mais preocupado com facto de o inverno, na região do Vale do Sousa, sobretudo o mês de dezembro, não ter sido tão frio quanto desejável para aquela planta.
Segundo explicou Humberto Reis, nesta época do ano, o kiwi precisa de temperaturas baixas (700 horas com menos de sete graus) para fazer a diferenciação floral, condição essencial para haver boa quantidade e qualidade de fruto.
“Para já, a falta e água preocupa-nos menos do que a falta frio”, admitiu, mostrando-se esperançado que janeiro possa ser um mês frio, como ocorreu em 2021, ano em que foi batido o recorde de produção, alcançando-se as 2.376 toneladas.
No caso da vinha, cultura que também tem em Felgueiras e municípios limítrofes um dos maiores polos de produção de vinho verde, a situação não é tão preocupante, porque aquela planta não precisa tanto de água como o kiwi, sinalizou, entretanto, Rui Pinto, dirigente da Cooperativa Agrícola.
Em relação aos espargos, outra cultura em expansão em Felgueiras – o concelho produziu 40 toneladas em 2021 -, a pouca humidade também pode ser prejudicial para garantir uma produção em quantidade, mas ainda é cedo para fazer uma previsão rigorosa, segundo anotou.