O consumo urbano de água no Algarve subiu 4,6% em janeiro, comparativamente com o mesmo período de 2023, gasto que equivale a 20 hectómetros cúbicos, segundo dados da comissão de gestão de albufeiras, da Agência Portuguesa do ambiente (APA).
De acordo com os últimos dados da evolução da situação de seca na região, a que a Lusa teve acesso, apenas seis das 19 entidades responsáveis pelo abastecimento de água – quatro municípios (Alcoutim, Castro Marim, Silves e Vila do Bispo) e duas empresas municipais (em Loulé e Olhão) – reduziram o consumo em janeiro, comparativamente com o mesmo mês de 2023.
Em sentido oposto, todos os restantes municípios e empresas que fazem abastecimento na região consumiram mais água em janeiro passado do que no mesmo mês do ano transato, com as principais subidas homólogas a serem registadas em Albufeira, Portimão e Loulé, três dos principais concelhos turísticos do distrito de Faro, ainda de acordo com os dados da APA.
O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 05 de fevereiro e o Governo já admitiu elevar o nível das restrições, declarando o estado de calamidade ou de emergência ambiental, caso as medidas agora implementadas sejam insuficientes para fazer face à escassez hídrica na região.
Segundo a APA, o consumo de água para a agricultura em 2023 foi de “mais 2,8 hectómetros cúbicos face a 2022”, sendo que o volume total armazenado nas seis barragens da região correspondia, no dia 19 deste mês, a 150 hectómetros cúbicos (34%).
Este valor representa uma subida de 7,3 hectómetros cúbicos em comparação com a semana anterior e uma descida de 53 hectómetros cúbicos face ao mesmo período de 2023, assinala.
No que respeita às reservas subterrâneas, a APA destacou que foi “suspenso/condicionado o licenciamento de novas captações em 22 massas de água subterrânea” devido à existência de “níveis de água subterrânea significativamente baixos” e à “necessidade de ter reservas caso se mantenha seca extrema” na região algarvia.
A situação das reservas subterrâneas “continua mais desfavorável” do que na seca de 2005 e é “significativamente mais grave” do que na seca de 2022”,com a “generalidade dos sistemas aquíferos a registar níveis piezométricos muito baixos”, inferiores ao percentil 20, sublinhou.
A APA recordou que, após a declaração da situação de alerta devido à seca no Algarve, foram introduzidas medidas de contingência, como reduções de 15% no volume de água consumido pelo setor urbano (incluindo os usos domésticos e não domésticos), onde se inclui o setor turístico, de 25% do volume de água consumido pelo setor agrícola e de 18% do volume de água consumido pelo setor do golfe.
A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.
Estão ainda em curso, no âmbito do Plano de Eficiência Hídrica do Algarve, investimentos para aumentar as reservas na região, como a construção de uma dessalinizadora em Albufeira, orçada em 90 milhões de euros, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e cujo concurso foi lançado na semana passada.
O Plano de Eficiência Hídrica do Algarve prevê também a captação de água no rio Guadiana, a partir do Pomarão para a albufeira da barragem de Odeleite, e a construção de uma terceira barragem no sotavento (leste) algarvio, na ribeira da Foupana.