A Quinta da Gaivosa tem uma área de vinha cultivada de 140 hectares, divididos entre seis quintas: Gaivosa, Vale da Raposa, Caldas, Estação, Aveleira e Oliveirinha.
Esta é a terceira de uma série de entrevistas integrada num trabalhado alargado desenvolvido pelo Jornal Económico sobre a sustentabilidade no sector dos vinhos do Porto e do Douro. Após as entrevistas em versão integral ao presidente do IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, Gilberto Igrejas, e a uma fonte oficial da Quinta da Aveleda, um dos maiores produtores de vinhos, nacionais e da região, esta semana é a vez de Tiago Alves de Sousa, diretor de produção e enólogo da Quinta da Gaivosa, detalhar os projetos que a empresa lançou e tem em curso neste domínio.
Ao longo das próximas semanas, será possível acompanhar no site do Jornal Económico outras entrevistas aos responsáveis de alguns dos maiores produtores da região e do País, como a Sogrape, Quinta do Crasto, Sogevinus, Quinta do Portal ou The Fladgate Partnership, além de testemunhos sobre o que cerca de outros 20 produtores da região estão a fazer ou a perspetivar no domínio da sustentabilidade.
Nesta entrevista, Tiago Alves de Sousa destaca a adoção do projeto ‘Novas Vinhas Velhas’, com a recriação do sistema de plantação tradicional das vinhas velhas da região do Douro nas novas plantações face à sua melhor adaptação às condições naturais da região, aos desafios climáticos presentes futuros e à identidade dos seus vinhos.
Que tipo de medidas de sustentabilidade ambiental têm implementado e quando e porque é que optaram por este caminho?
A preocupação com a sustentabilidade ambiental sempre esteve presente no nosso trabalho – temos o privilégio de trabalhar com um património natural único – as vinhas do Douro – pelo que é fundamental preservá-lo. É onde trabalhamos, mas também onde vivemos e onde esperamos que as futuras gerações continuem, pelo que devemos ser os primeiros a cuidar e preservar os nossos recursos naturais. Entre as diversas medidas implementadas nas diversas valências da empresa, destacaria, na adega, medidas de controlo do uso da água; a adega com fontes de luz natural com exposição Norte – de forma a maximizar a utilização da luz natural no interior do edifício sem impacto na temperatura interior; adega com parede ventilada e isolamento reforçado de forma a aumentar a sua eficiência térmica/energética; tratamento das águas residuais; desinfeção de barricas com recurso a gerador de ozono, não gerando qualquer resíduo poluente; reciclagem de materiais subsidiários; e recorrer a serviços geograficamente mais próximos para reduzir as emissões de carbono, entre outras.
Na área comercial, a utilização de garrafas mais leves – de forma a diminuir as emissões de carbono na produção e transporte; e diminuição das viagens para efeitos comerciais, privilegiando as novas ferramentas digitais de comunicação, com a realização de provas e ações por vídeo-conferência.
Nas vinhas, o projeto ‘Novas Vinhas Velhas’, com a recriação do sistema de plantação tradicional das vinhas velhas da região do Douro nas novas plantações face à sua melhor adaptação às condições naturais da região, aos desafios climáticos presentes futuros e à identidade dos seus vinhos.
No projeto ‘Novas Vinhas Velhas’, os objetivos são estabelecer o modelo de vinha que melhor se adapta aos desafios climáticos presentes e futuros na Região Demarcada do Douro (RDD).
As motivações por trás deste projeto explicam-se porque os vinhos do Douro são particularmente reconhecidos pelas suas vinhas velhas e vinhos como o Quinta da Gaivosa, Vinha de Lordelo ou Abandonado são a prova viva do seu carácter e qualidade.
No entanto, se temos hoje o privilégio de trabalhar com vinhas com uma identidade singular, com mais de 80 e 100 anos plantadas pelos nossos antepassados, temos igualmente a responsabilidade de preparar o futuro e plantar as novas vinhas velhas para as próximas gerações.
Num momento particularmente importante para a definição do futuro das vinhas do Douro, com o reconhecimento global dos seus vinhos mas também com os muitos desafios, quer ao nível das dinâmicas dos vários mercados, quer ao nível da evolução das demais regiões vitivinícolas, quer ao nível das condições edafoclimáticas da região e das alterações climáticas já sentidas e previstas, é fundamental uma reflexão sobre os caminhos traçados no passado à luz do conhecimento técnico e científico atual de forma a definir-se as linhas orientadoras para as novas vinhas da RDD.
As vinhas do Douro passaram por diferentes fases ao longo da sua história – dos socalcos pré e pós-filoxéricos cultivados manualmente à introdução da mecanização com os patamares e as vinhas ao alto.
Hoje, é finalmente possível comparar os benefícios e as dificuldades das diferentes opções no sentido de desenvolver o melhor modelo em termos de qualidade, identidade e sustentabilidade.
No entanto, várias questões se levantam: Quais são as vinhas melhor adaptadas às nossas condições naturais e também as melhor preparadas para enfrentar os desafios climáticos do futuro?; Quais são as vinhas mais sustentáveis ambientalmente?; Quais são as vinhas que apresentam uma maior longevidade?; Quais […]