Os deputados do PSD/Açores da Terceira defenderam hoje um apoio à preservação dos bois da raça bovina do Ramo Grande, “a única raça autóctone da Região”, cujos criadores têm sido afetados por causa da pandemia de covid-19.
Numa nota enviada às redações, o partido adianta que, num requerimento enviado à Assembleia Legislativa Regional, os social-democratas questionaram a tutela “sobre a perspetiva de ser criado esse tipo de apoio” para a raça bovina do Ramo Grande, que tem origem nas diversas raças oriundas de Portugal trazidas pelos primeiros povoadores.
Os deputados do PSD/Açores eleitos pela Terceira, que visitaram um criador na Vila das Lajes, sublinham que aquela raça teve, durante muitos anos, “um papel imprescindível para os agricultores terceirenses, sobretudo os do Ramo Grande – zona nordeste da ilha Terceira.
A raça era usada, por exemplo, “como força motriz para o trabalho da terra, cultivo, sacho, transporte de produtos agrícolas e até transporte de pessoas”, acrescentam.
Citado na nota de imprensa, o deputado do PSD/Açores Rui Espínola refere que, “fruto da pandemia, todas as festividades foram canceladas pelo segundo ano consecutivo, impossibilitando os criadores de obterem algum financiamento para a manutenção diária daqueles animais”.
“Isso poderá levar ao seu desaparecimento”, o que “é uma perda para a cultura e tradições das ilhas”, vincou.
A raça bovina do Ramo Grande “sempre foi muito bem preservada e cuidada pelos lavradores terceirenses, pois era um bem precioso no desenvolvimento da atividade agrícola, sendo fartamente alimentada, o que originou bois grandes e gordos, que trabalhavam a terra atrelados em juntas, para as quais eram devidamente educados”, acrescentou.
Nas últimas décadas, “fruto da industrialização da agricultura, os bois do Ramo Grande têm sido mantidos apenas para a recriação da prática do pastoreio e cultivo agrícola de outros tempos, em cortejos etnográficos, cortejos de bodo e do Espírito Santo”, transmitindo “as tradições das ilhas de forma pedagógica às gerações mais novas”, observou ainda o deputado.
No entender do deputado social-democrata, “também é importante saber se existe algum registo oficial do efetivo da raça do Ramo Grande”.
Rui Espínola recordou haver a exportação de gado do Ramo Grande para São Jorge, São Miguel, Pico, Graciosa e Faial, também para o uso no trabalho dos campos e para o transporte de carga”, o que permite que exista atualmente “um efetivo em várias ilhas do arquipélago”.
Na nota de imprensa, o PSD lembra que a raça bovina do Ramo Grande “tem a sua origem nas diversas raças oriundas de Portugal Continental trazidas pelos primeiros povoadores, originárias do Minho e Algarve, que, sujeitas à insularidade, resultaram aquele tipo de pelagem avermelhada”, designada como “raça da terra”.