A Federação Agrícola dos Açores reforça novamente que lamenta a estratégia delineada pela indústria de continua baixa do preço de leite pago aos produtores, alegando excesso de leite e aumento de stock dos produtos lácteos, numa fase, em que a maioria dos custos dos fatores de produção continuam altos e em que a inflação permanece a níveis superiores ao pretendido.
Convém recordar que as subidas em novembro do preço de leite no continente praticadas pelo Pingo Doce e pela Lactogal, não se repercutiram nos produtores de leite Açorianos, por isso, mesmo com as descidas anunciadas, o diferencial entre o preço médio de leite nos Açores e o continente, é de mais de 10 cêntimos, o que é muito significativo.
Sendo o Pingo Doce a indústria que mais subiu o preço de leite, ainda não anunciou qualquer descida do preço de leite aos seus produtores, até ao momento.
Os anúncios da Bel, Prolacto, Unileite e Insulac em São Miguel e da Unicol na Terceira, para os meses de maio e junho, vêm contribuir para a contínua desmotivação da fileira, que está em constante pressão e ameaça, devido a oscilações frequentes no seu rendimento. As indústrias, que foram e continuam a ser fortemente apoiadas pelos fundos comunitários, muitas vezes não têm contribuído para a estabilidade financeira dos produtores de leite, pondo em causa a entrada de jovens agricultores no setor, e têm contribuído ainda, para que muitos produtores adiram à reconversão de leite para carne, e outros a diminuírem a produção, através da medida da redução voluntária da produção de leite, que se mantém em vigor em 2023.
Embora este não seja o caminho pretendido pela Federação Agrícola dos Açores, a indústria tem nos obrigado a tomar medidas para reduzir a produção.
As indústrias não podem assentar os seus resultados, única e exclusivamente na sua relação com a produção, pondo em causa a sustentabilidade da fileira. Não compreendemos que se verifiquem sucessivas baixas de preço de leite ao produtor, e que os preços nos consumidores permaneçam altos, sem sofrer alterações significativas.
Relembre-se que por exemplo, o preço de litro de leite UHT subiu ao consumidor aproximadamente 40 cêntimos, enquanto aumentou somente 20 cêntimos aos produtores de leite.
Os elevados lucros que as indústrias apresentam no final de cada ano, têm de ser melhor distribuídos pelos produtores, pois são estes que produzem a matéria prima para as Indústrias, que é de grande qualidade e com elevados padrões de exigência.
A Federação Agrícola dos Açores irá continuar a reivindicar perante as indústrias o pagamento de um preço de leite justo aos produtores e o devido reconhecimento deste setor, que é dos mais importantes para a economia e sustentabilidade dos Açores.
Fonte: Federação Agrícola dos Açores