[Fonte: Eco] A produção total de medronho em Portugal é, em média, de entre 500 a 700 toneladas por ano.
Portugal pode tornar-se o primeiro produtor de medronho a nível mundial”, afirmou Carlos Fonseca, presidente da Cooperativa Portuguesa do Medronho (CPM) em novembro de 2018. O biólogo e professor na Universidade de Aveiro baseia-se no conhecimento dos avanços da investigação científica do medronho produzida na última década em várias instituições do ensino superior do país. As zonas mais importantes são o Algarve, o Alentejo, com Almodôvar e Odemira, e a região centro, pinhal interior e a parte norte da cordilheira central.
Carlos Fonseca é proprietário da Medronhalva, que tem o primeiro medronhal certificado do mundo. A propriedade fica em São Pedro de Alva, no concelho de Penacova, entre os rios Alva e Mondego. Foi um dos promotores da CPM, que foi fundada a 30 de abril de 2014 e tem a sua sede no Parque Empresarial de Proença-a-Nova, onde conta com um espaço coberto para armazenamento da produção.
Com 40 cooperantes de norte a sul do país, a organização “nasceu da vontade dos produtores nacionais em promover a cultura do medronheiro em escala suficiente para concorrem no mercado dos pequenos frutos vermelhos”, como explica Carlos Fonseca.
Qual é a produção de medronho em Portugal? Quais as zonas mais importantes em termos de produção? Qual é a área de plantação?
Neste momento é difícil estimar a produção total de medronho em Portugal, até porque oscila muito de ano para ano. Ainda assim poderemos adiantar uma média de 500-700 toneladas/ano. As zonas mais importantes são o Algarve, o Alentejo (Almodôvar e Odemira) e a Região Centro (pinhal interior e a parte norte da cordilheira central). A área plantada em Portugal deverá rondar os 500 hectares, mas a sua maioria ainda não está em produção.
Tradicionalmente, o medronho tem sido utilizado para produção de aguardente. Em termos de produção em fresco quais os principais mercados de consumo e como é feita a distribuição?
O mercado de consumo de medronho fresco está a dar os primeiros passos em Portugal e os mercados são essencialmente as grandes cidades, Lisboa e Porto, e alguma exportação para Espanha. A distribuição é geralmente feita através de intermediários entre o produtor e a superfície comercial.
Quando à aguardente, qual é produção e quais têm sido os principais mercados?
É difícil estimar qual a produção de aguardente em Portugal e a CPM não tem essa informação. Os mercados deverão ser o nacional e o internacional — via turistas que nos visitam –, ou o estrangeiro com ligações a Portugal como a Alemanha, Suíça, Luxemburgo. A China está a surgir como um potencial mercado.
E quanto aos produtos não fermentados, qual é a sua importância?
Para já estão em exploração alguns usos na gastronomia (pão, doces, pratos regionais, etc.), em iogurtes, sumos de frutos vermelhos, etc.. Usos na medicina e cosmética estão em investigação em várias universidades e institutos Politécnicos nacionais.
Quais são os principais problemas desta cultura em termos de distribuição?
Talvez a falta de pontos de distribuição espalhados pelo país, de modo a promover as cadeias curtas.
Quais são os objetivos e qual tem sido as vantagens e os resultados do protocolo com a REN?
Este protocolo tem permitido a implementação crescente de plantações ordenadas de medronheiros nas faixas sob as linhas de muito alta tensão que, neste momento, já deverão rondar várias centenas de hectares em todo o país, podendo tornar-se numa fonte de medronho muito importante para a produção a nível nacional e para a CPM. Ao mesmo tempo, poderá fomentar uma espécie mediterrânica que tem um papel crucial em termos ambientais, económicos e sociais em grande parte do mundo rural português.
Um Manual para saber tudo sobre o medronho
Em abril deste ano foi lançado, numa parceria entre a REN – Redes Energéticas Nacionais, a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) e a Cooperativa Portuguesa do Medronho (CPM), o Manual do Medronho. Esta é a segunda edição do manual que mostra aos produtores e proprietários de terrenos agrícolas a caracterização da planta e a sua cultura, abrangendo a instalação, manutenção, práticas culturais e colheita do fruto.
Para João Gaspar, responsável da área de Servidões e Património da REN, este manual é uma ferramenta importante para os proprietários dos terrenos que “contratamos, para promoção de uma espécie que incluímos na gestão da vegetação existente nos corredores das linhas de transporte de energia, de forma a alongarmos os períodos de manutenção e possibilitar um maior rendimento aos proprietários dos terrenos”. Para além destas vantagens, “promovemos, ao mesmo tempo, a defesa da floresta contra incêndios”.
O Manual do Medronho surge ainda da interação que tem existido entre a REN, a CPM, a ESAC, várias instituições de I&D, associações e empresas à volta da Fileira do Medronho.
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