Ainda é cedo, mas muita coisa já se pode dizer sobre a vindima deste ano. Afirmar que foi esquisita é pouco, é melhor declarar que teve a “anormalidade costumeira”, em que já ninguém sabe exatamente o que quer dizer uma “vindima normal”. Há que tempos que não chove quando devia, não faz calor quando é suposto, o clima não dá descanso a ninguém nas vinhas. É verdade que muitas delas conseguem tornear essas anormalidades e continuam a produzir boas uvas.
Sabemos que uma vinha mais velha, de raízes mais profundas, está mais defendida das agruras do clima, uma vez que tem, lá bem fundo, o alimento e a frescura que lhe permitem, por exemplo, continuar a “trabalhar” quando, cá fora, está um calor violento. É essa melhor defesa que justifica o apreço pelas vinhas de mais idade — normalmente menos produtivas mas capazes de gerar vinhos de maior complexidade. Já em tempos escrevi e repito: não conheço um vinho de classe mundial, e como tal reconhecido por todos, que tenha origem numa vinha de quatro ou cinco anos. A tal “classe mundial” só é reconhecida com a consistência de qualidade, com a repetida excelência sempre distinguível em prova. Por essa razão, também entre nós os melhores vinhos vêm das vinhas mais velhas, com algumas […]