Existem insetos que podem ser muito prejudiciais para as culturas, diminuindo a sua produção, sendo, por isso, considerados pragas. No entanto, existem mecanismos naturais de regulação, constituídos por insetos, ácaros, fungos, aves, bactérias e outros organismos auxiliares, que limitam o crescimento das pragas contribuindo para a sua redução e controlo.
Os auxiliares de agricultura são organismos que ajudam a manter em “boa forma” as culturas, colaborando com os agricultores na sua árdua tarefa de obtenção de alimentos e, ao mesmo tempo, preservando o equilíbrio do ambiente agrícola.
Existem ácaros e insetos auxiliares que podem classificar-se, conforme o modo de atuação, em parasitoides e predadores.
Os parasitoides são insetos de tamanho muito reduzido, inferior ao dos hospedeiros, que se reproduzem, geralmente, à custa de um só inseto parasitado, ao qual provocam a morte (figura 1). A maioria dos parasitoides são muito especializados, parasitando apenas uma espécie ou grupo de espécies.
Os predadores têm vida livre e podem ser, eventualmente, maiores que os insetos que lhes servem de alimento, tendo necessidade de consumir um grande número de presas para completarem o seu desenvolvimento. A maioria são insetos e ácaros polífagos (que comem de tudo), embora alguns tenham algumas preferências alimentares.
Deste modo, os auxiliares são responsáveis por matar ou parasitar um grande número de pragas de insetos por dia!
Como exemplos de auxiliares temos:
Crisopa
A crisopa (Chrysoperla carnea) é usada para controlar pragas de insetos de forma biológica. Reconhece-se pelas asas grandes, transparentes e de finas nervuras reticuladas (figura 2).
Na fase adulta, nem todas as espécies são eficientes no controlo de pragas, pois algumas alimentam-se de néctar e pólen.
No seu estado de larva, as crisopas são muito eficientes no controlo de pragas de insetos, visto serem predadores sôfregos, alimentando-se de pulgões, ácaros, tripes, mosca branca, cochonilhas, larvas de besouros, etc.
Joaninhas
Aparecem em quase todas as culturas de ar livre e de estufa (figura 3). Na Madeira, a mais comum é joaninha-de-sete-pontos (Coccinella septempunctata), embora existam muitas outras com aspetos diferentes.
São muito eficazes no combate a afídeos (“piolhos”). Uma joaninha pode comer cem pulgões por dia. Também são eficazes no combate de ácaros, moscas da fruta, cochonilhas, tripes, etc.
Aranhas
Através das suas teias, as aranhas capturam e devoram várias pragas de insetos, impedindo a sua expansão e contribuindo assim para a sustentabilidade e equilíbrio do ecossistema.
Caracterizam-se por serem das principais predadoras da horta, controlando os aranhiços-vermelhos e outras pragas, que ficam presas nas suas teias.
É importante ter em atenção que a sua presença é indicadora de que a horta está livre de inseticidas, pesticidas e outros produtos químicos tóxicos.
Abelhas
São importantes para os ecossistemas agrícolas, pelo facto de serem responsáveis pela polinização e produção de mel, uma fonte natural de açúcar com grande valor energético e medicinal. Além do mel, as abelhas são responsáveis por fornecer ao homem outros produtos, tais como o pólen, o própolis e a cera. Deste modo, a presença de abelhas é indicadora de biodiversidade.
De referir que, além destes auxiliares, existem outros, tais como pássaros, morcegos, sapos, etc.
A fauna auxiliar constitui um recurso natural que possui uma ação benéfica na limitação e controlo das pragas.
Existem alguns truques a ter em consideração para manter as populações de insetos benéficos na luta biológica contra as pragas agrícolas.
Em primeiro lugar, deve-se evitar ao máximo o uso de pesticidas, pois estes também eliminam os auxiliares.
Também é essencial proteger e potenciar o crescimento das populações de auxiliares e dos seus habitats. Desta forma, as limpezas aos terrenos devem ser realizadas de forma a não prejudicar a sua reprodução.
A vegetação natural existente e mantida nos arredores dos terrenos cultivados fornece a alimentação e o abrigo necessários aos organismos auxiliares nos períodos desfavoráveis do Inverno, quando o alimento é pouco abundante no interior das culturas.
Outra forma de atrair e manter estes insetos na horta passa pelo cultivo de algumas plantas aromáticas nas bordaduras dos terrenos, tais como hortelã, funcho, milefólio, calêndula, dente-de-leão e girassol, entre outras. Estas plantas também fornecem alimento e abrigo aos insetos auxiliares ao longo do seu ciclo de vida, além de poderem ser utilizadas como medicinais e/ou condimentares.
Também podemos instalar abrigos para insetos (figura 4), que existem à venda em vários modelos. No entanto, fazer o nosso próprio abrigo personalizado é mais divertido e as crianças também podem participar.O abrigo deverá ficar perto da horta, pendurado numa parede ou numa árvore, fora dos habituais locais de passagem, e protegido do vento e do calor extremo.
Artigo publicado originalmente em DICAs.