A Confederação Nacional da Agricultura e a Avadouriense alertaram hoje para o agravamento dos problemas dos vitivinicultores durienses perante “a inação” do Governo, reclamando a restauração da Casa do Douro e apoios para prejuízos provocados por animais selvagens.
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense), criada em 2020 e que tem sede em Vila Real, fizeram, em comunicado, um balanço sobre a campanha 2023 na Região Demarcada do Douro.
As organizações disseram que a última vindima ficou “marcada pelas consequências da diminuição da quantidade permitida de vinho beneficiado, pelos acrescidos custos de produção e pelos baixos preços pagos aos pequenos e médios produtores, a que se somou o sobressalto e incerteza na hora de entregar as uvas”.
O benefício, ou seja a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto, foi de 104 mil pipas nesta vindima, menos 12 mil pipas do que em 2022.
“Uma vez mais, para muitos produtores, a tábua de salvação foram as adegas cooperativas, que receberam muito mais uva do que em anos anteriores, ficando no limite das suas capacidades”, salientaram.
E tudo isto, frisaram, “perante o silêncio e a inação cúmplices de um Governo apostado numa política de destruição da pequena e média agricultura e de favorecimento do grande agronegócio”.
“A CNA e a Avadouriense continuarão a bater-se pelo escoamento da produção vitivinícola duriense a preços justos que cubram os custos de produção e dignifiquem a vida de todos os vitivinicultores da região”, é ainda sublinhado no comunicado.
E se, para as organizações, “no imediato parte do problema de excesso de vinho armazenado no Douro poderá ser mitigado por um apoio extraordinário à destilação, a solução para o avolumar dos problemas dos pequenos e médios produtores da Região Demarcada do Douro passa por lhes devolver a Casa do Douro o quanto antes”.
O projeto de lei que restaura a instituição como associação pública de inscrição obrigatória está parado desde março na Assembleia da República.
A associação e a CNA defenderam uma Casa do Douro “constituída como um organismo com poderes públicos, gerido pelos próprios produtores, que responda ao contexto único da região nos planos social, produtivo e histórico”.
“A reconstituição da Casa da Douro, a devolução do património aos vitivinicultores e a concretização, há muito reclamada, de eleições são passos fundamentais para defender os interesses dos milhares de pequenos e médios vitivinicultores durienses”, especificaram.
Adiantaram ainda que os produtores do Douro se associam “à exigência de indemnizações pelos danos provocados por animais selvagens”.
Isto porque, explicaram, à semelhança do que acontece noutras regiões do país, os prejuízos provocados por animais selvagens no Douro “continuam a acumular-se, sem a necessária resposta do Governo”.
Por isso, a Avadouriense e a CNA exigem que “o Governo garanta a atribuição de indemnizações aos lesados, de forma expedita e desburocratizada, a partir de levantamento de prejuízos, e assegure o controlo da densidade das populações destes animais selvagens, bem como o controlo do seu estado sanitário”.