Os peregrinos que virão a Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude vão ter acesso a uma aplicação com uma calculadora que mede a sua pegada carbónica. A organização publicou um manual onde recomenda formas de compensar a poluição provocada pela viagem a Lisboa. Ao Expresso SER, o presidente da Novo Verde e ERP Portugal explica como é que vai funcionar a calculadora
Em abril, o Comité Organizador Local da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) juntou-se às câmaras municipais de Lisboa e Loures e a várias outras organizações para assinar uma carta onde se comprometeram a “fazer da sustentabilidade um objetivo central da organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”. Essa carta é inspirada na encíclica do Papa Francisco, Laudato Si’, um texto de 2015 onde o Papa Francisco fez um apelo para que a humanidade consiga travar a degradação ambiental e as alterações climáticas e onde fez um levantamento exaustivo daquilo que está a acontecer à “nossa casa comum”: a poluição, as mudanças climáticas, o tema da água, a perda da biodiversidade, a fraqueza das reações e a deterioração da qualidade de vida humana.
Uma das ações previstas para ajudar a minimizar a pegada carbónica deste evento, – onde o Papa Francisco será a figura principal, – passa pela disponibilização de uma calculadora que ajuda a medir a pegada carbónica da viagem e estadia em Lisboa, sugerindo formas de compensação para mitigar o impacto ambiental do evento. A JMJ pode trazer a Lisboa cerca de um milhão de visitantes nas primeiras duas semanas de agosto.
Esta calculadora foi desenvolvida pela ERP Portugal/Novo Verde, um dos subscritores da carta de compromisso, e integra a aplicação de telemóvel da JMJ. “Fomos convidados a participar no grupo de sustentabilidade da Fundação JMJ que trabalhou, ao longo do último ano, com o objetivo de colocar a sustentabilidade como preocupação central na organização do evento. Tendo como premissa o cuidado com a ‘Casa Comum’, plasmado no pedido que o próprio Papa Francisco nos endereçou, a ERP Portugal e a Novo Verde disponibilizaram-se prontamente para a execução e oferta desta ferramenta”, explicou ao Expresso SER Ricardo Neto, presidente da Novo Verde e ERP Portugal (ver perguntas e respostas em baixo).
Juntamente com a calculadora, a ERP Portugal/Novo Verde também desenvolveu um “Manual do Peregrino” “com recomendações de comportamento” que pretendem ajudar a minimizar a pegada ambiental de cada participante na JMJ. Este manual começa por reconhecer o impacto que estas jornadas vão ter no ambiente: “A JMJ, como qualquer outro encontro desta dimensão, tem um impacto no planeta e os peregrinos participantes têm uma contribuição significativa”. E dá o exemplo de uma viagem de avião de ida e volta entre Atenas e Lisboa que gera 1746 kgCO2e (quilogramas de dióxido de carbono equivalente). Esta pegada de carbono, segundo as contas da organização, corresponde a:
1) Aproximadamente 55 anos de banhos diários (considerando uma duração de banho diário entre 5 a 10 minutos e o valor correspondente de 32,85 kgCO2e/ano);
2) A cerca de meio ano de dieta omnívora (considerando um elevado consumo de carne, de 3285 kgCO2e/pessoa/ano);
3) E, finalmente, a aproximadamente 20 iPhone 12 Pro Max.
“As viagens dos participantes em eventos, principalmente de avião, são de facto impactantes”, conclui o “Manual do Peregrino”.
COMO MITIGAR A VIAGEM DE AVIÃO?
Neste exemplo de uma viagem de ida e volta entre Atenas e Lisboa para participar na JMJ, a organização afirma que que “é possível compensar essas emissões mesmo após a JMJ”. E como é que se faz isso? O “Manual do Peregrino” deixa três sugestões:
1) A primeira sugestão é realizar a viagem casa-trabalho de comboio ao invés de carro pessoal durante dois anos, para um percurso de 10km (para estes cálculos a empresa usou fatores de emissão de comboio de 0,0235 kgCO2e/pessoa/km e de carro de 0,1815 kgCO2e/pessoa/km, duas viagens casa-trabalho de 10km/dia e 251 dias de trabalho/ano).
2) A segunda sugestão é aceitar o desafio de “ser vegetariano durante um ano” (para estas cálculos considerou-se uma redução das emissões de uma dieta omnívora, com elevado consumo de carne, de 3285kg CO2e/pessoa/ano para uma dieta vegetariana, de 1700kg CO2e/ pessoa/ano).
3) Finalmente, para compensar a totalidade das emissões da viagem, o manual recomenda “apoiar programas de conservação de árvores durante um […]