O líder do PSD, Luís Montenegro, acusou hoje o Governo de “tentar desresponsabilizar-se” por tudo aquilo que “corre mal” no âmbito da prevenção e combate aos incêndios que têm deflagrado no país.
“Devo confessar que fico um pouco apreensivo quando o Governo se tenta desresponsabilizar por tudo aquilo que corre mal”, declarou Luís Montenegro aos jornalistas, à margem do Encontro de Verão das Comunidades Portuguesas, em Ourém.
O presidente do PSD considerou que “as coisas não estão a correr bem” e o PSD tem “uma atitude de grande responsabilidade, de sentido de respeito por aqueles que estão no terreno”.
“Mas, isso não nos vai eximir a cumprir o nosso papel de escrutinadores da ação governativa. E efetivamente, há muita coisa que o Governo podia e devia ter feito até aqui e não fez, e eu lamento que se queiram agora arranjar algumas manobras para nos distrair daquilo que é essencial”, acrescentou o presidente do PSD.
Para Luís Montenegro, não se pode “estar todos os anos à espera que acabem os incêndios para fazer avaliações e depois, no ano seguinte” continua a haver incêndios, especialmente depois da tragédia de 2017: “Foi há cinco anos e aquilo que é expectável é que, cinco anos depois, o país tenha uma capacidade de resposta diferente daquela que tinha”, disse.
Segundo Luís Montenegro, uma das questões que tem falhado ao longo dos últimos anos é a “implementação da tal reforma da floresta que foi prometida”, assim como “algumas ações que visam, por um lado prevenir e, por outro lado, ter meios de combate àquilo que se passa, por exemplo, com os meios aéreos, com o facto de o Governo ter investido aí”.
O político lamentou ainda que as 81 viaturas que vão ser entregues aos corpos de bombeiros, “só vão chegar no fim da época de incêndios”.
“Há medidas que só cabem ao poder executivo tomar, que são operacionais, e que dizem respeito à ação do Governo. Têm de ser tomadas antes, preventivamente, do pico de calor e, portanto, da perigosidade e da adversidade que pode fazer com que os incêndios florestais tenham a dimensão que infelizmente alguns têm dito”, acrescentou, insistindo que é ao Governo que se podem “assacar responsabilidades”.
Montenegro admitiu que as condições climatéricas, como a seca extrema e o calor, influenciam, assim como as “alterações climáticas” mas alertou que não considera “correto” que o Governo dirija para aí a “atenção principal para disfarçar aquilo que correu menos bem”.
É ao poder executivo que cabe desenvolver “os mecanismos de prevenção, seja do lado estrutural da reforma florestal, seja do lado mais operacional, da alocação de meios: meios aéreos, meios de combate e meios de coordenação”, apontou ainda.
Luís Montenegro aproveitou o momento para enviar “uma palavra de pesar e de solidariedade à família do bombeiro que ontem perdeu a vida”.
O social-democrata acrescentou: “É sempre com grande consternação, que nós olhamos para todas as imagens e todas as consequências deste flagelo que ano após ano o país vai vivendo”.
Um bombeiro teve morte súbita durante o combate ao incêndio em Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.