Ao longo da minha (para já) curta caminhada por este mundo, sempre ouvi conversas relacionadas com o risco e a incerteza da atividade agrícola.
Ora os preços de mercado não acompanhavam os gastos produtivos, ora não chovia, ora eram descontinuados produtos de combate a pragas e infestantes. Enfim, uma panóplia de acontecimentos que aumentavam a incerteza e o risco da atividade, dando a sensação que muitas empresas agrícolas viviam na “corda-bamba”.
Com a pandemia Covid-19, com os conflitos que se desenvolveram entre a Rússia e a Ucrânia e com as alterações climáticas, os temas de risco e instabilidade ainda ficaram mais marcados no quotidiano da população.
Enquanto estudante de Engenharia Agronómica, mas também enquanto profissional deste setor, sempre procurei estudar e analisar formas de “arriscar sem risco”.
Na dissertação de mestrado que tive oportunidade de realizar no Instituto Superior de Agronomia, analisei as vantagens económicas e produtivas de algumas tecnologias de Agricultura de Precisão (AP). Tendo constatado que as tecnologias de agricultura de precisão, quando utilizadas de forma correta, são uma ferramenta que permite investir sem risco ou com um risco muito diminuto.
Investir sem risco parece impossível, pois qualquer investimento tem sempre implícita uma certa taxa de risco.
No entanto, investir em Agricultura de Precisão pode ser considerado “arriscar sem risco” – conforme constatei no estudo feito para o meu trabalho de fim de curso.
Neste estudo, identificámos que os investimentos realizados em tecnologias de Agricultura de Precisão apresentam vantagens económicas e produtivas amortizando, em pouco tempo, o investimento que nelas se façam.
Com tecnologias de AP, o agrónomo aplica os fatores de produção onde, quando e no local que constata que a planta mais necessita – evitando assim perdas de fatores de produção e de produtividade, aumentando a eficiência produtiva.
No fundo com a Agricultura de Precisão, o agricultor produz mais (quantidade) e melhor (com menor impacto ambiental) com menos (fatores de produção).
Outra forma de “arriscar sem risco” encontrei-a no início do meu percurso profissional – os Seguros Agrícolas.
Quando pensava em seguros, pensava sempre no seguro da casa, do carro, do trator, dos de responsabilidade civil para os efetivos pecuários… Existe, de facto, uma imensidão de seguros que se podem fazer.
Já os surgiram para mim como um tema novo e que apenas comecei a entender o seu potencial e as suas vantagens à medida que fui tomando conhecimento da forma como estão a ser desenvolvidos. Nomeadamente, como os Seguros de Colheitas, os Seguros Pecuários e os Seguros de Ativos Biológicos estão a ser desenvolvidos, enquanto produto de mitigação do risco agrícola pela ATLAS Agro Insurance MGA.
Numa fase inicial, estranhei como tendo nascido e crescido em pleno coração do Alentejo, não tinha ainda ouvido falar neste tipo de Seguros. Admito agora que existe um profundo trabalho a fazer do ponto de vista da divulgação das vantagens deste tipo de soluções que apenas recentemente começaram a fazer parte do pensamento dos gestores agrícolas.
Apesar de para muitos se tratar de novidade, para aqueles que já fazem Seguro de Colheitas, a dúvida de manter “o risco em casa” é escassa ou nula. Perante o cenário atual de incerteza, os gestores agrícolas optam cada vez mais por soluções de gestão de risco eficazes disponíveis no mercado.
Resumindo, subscrever uma apólice de Seguro de Colheitas pode tratar-se de mais uma forma de “arriscar sem risco”. Investir num seguro de Colheitas permite contornar os efeitos de fenómenos climatéricos adversos como ondas de calor, chuvas persistentes, geadas, granizo ou outros que ocorram e ponham em causa a produção e a atividade dos agricultores.
Sabendo agora que qualquer agricultor (desde que cumprindo os requisitos da cultura) tem direito à comparticipação por parte do Estado do Prémio de Seguro de Colheitas, julgo estarem reunidas as condições para que todos os agricultores estejam segurados e não comprometam a sua atividade “por um mau ano” ou por vários – pois os anos atípicos estão a passar a ser regra e os bons anos agrícolas tornaram-se os atípicos – ou seja, já nada é como era.
Sendo o setor agrícola caraterizado por esta inconstância, os produtores devem procurar as soluções que permitam “arriscar sem risco”, de modo a prolongar de forma sã a sua atividade.
Os problemas surgem e as soluções também, mostrando ao setor agrícola que não está nem estará sozinho no processo produtivo.
João Chaveiro
Artigo publicado originalmente em ATLAS Agro Insurance MGA.