Poucas dezenas de pessoas manifestarem-se hoje em Lisboa contra os incêndios, o abandono do território e a monocultura do eucalipto, protesto que decorreu em outras 13 localidades, mas que ficou marcado pela pouca mobilização.
Uma semana depois do início dos incêndios que lavraram nas regiões norte e centro do país e deixaram um rasto de destruição, um movimento composto por várias associações do ambiente e ativistas, como a Íris e Climáximo, saiu hoje à rua para protestar com o lema “O país arde, temos de acordar”.
Em Lisboa, a manifestação começou na Praça José Fontana e terminou à porta da empresa Navigator, que os ativistas acusam de ser uma das responsáveis pelos incêndios, tendo juntado poucas dezenas de pessoas.
Mónica Casqueira, um das organizadoras do protesto e da associação do ambiente Íris, desvalorizou a pouca mobilização, considerando que “é o início de um movimento de várias organizações e é natural que as manifestações estando espalhadas pelo país em cada local haja poucas pessoas”.
“Possivelmente no futuro, com estas coisas a aconteceram e ciclicamente a morrerem pessoas com os incêndios, as pessoas se juntem mais”, disse, sublinhando que “esta indústria e os governos sucessivos foram todos alertados ao longo dos anos” para o problema dos fogos e para começarem “a pôr a floresta menos perigosa”.
Também Mariana Rodrigues, do movimento Climáximo, afirmou as jornalistas que existiram “manifestação ao longo das várias localidades”, tendo sido no total ao longo do país “centenas de pessoas a manifestar-se de luto pelas pessoas assassinadas, sufocados e queimadas pelo Governo e pela indústria da celulose, em particular da Navigator”.
Empunhando cartazes que diziam “Incêndios insuportáveis – celuloses responsáveis” e “Estão em guerra com a tua vida”, os manifestantes gritaram algumas palavras de ordem, como “abandono rural, incêndios total” e “basta de conversas queremos florestas.
Além de Lisboa, realizaram-se também manifestações no Porto, Coimbra, Braga, Castanheira de Pêra, Pedrógão Grande, Odemira, Vila Nova de Poiares, Sertã, Torres Novas, Gouveia, Arganil e Melres.
Sete pessoas morreram e 177 ficaram feridas devido aos incêndios que atingiram, desde dia 15, sobretudo as regiões Norte e Centro do país. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
Os incêndios provocaram 135 mil hectares de área ardida, segundo o sistema europeu Copernicus e destruíram dezenas de casas.