Oito mil hectares do concelho de Penalva do Castelo foram destruídos pelas chamas, incluindo duas primeiras habitações, vários anexos e armazéns agrícolas, vinhas, pomares e produtos da terra, revelou hoje o presidente da Câmara.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Penalva do Castelo, Francisco Carvalho, explicou que o balanço dos danos e prejuízos “ainda não é definitivo”, e por isso convocou para a tarde de hoje uma reunião com os presidentes de junta do concelho, que ajudarão a fazer um retrato mais preciso.
“Em área ardida devemos ter cerca de oito mil hectares e arderam dois edifícios de primeira habitação. Muitas alfaias e equipamentos agrícolas arderam ou ficaram danificados, bem como vários anexos, barracões e armazéns agrícolas, onde os agricultores guardavam alfaias e produtos da terra”, indicou.
O incêndio que lavrava no concelho de Penalva do Castelo, no distrito de Viseu, desde segunda-feira, foi dado como extinto durante a madrugada de hoje.
“Somos um concelho do setor primário, onde a agricultura ainda prevalece, com muita gente a dedicar-se à produção de vinho, azeite, maçã de Bravo Esmolfe, frutos vermelhos e queijo Serra da Estrela. Tudo isto foi afetado”, lamentou.
De acordo com o autarca, arderam algumas vinhas e pomares, o que causou grande desânimo na população, que é maioritariamente idosa.
“Há vários alimentos da terra que arderam, bem como a lenha que já estava armazenada para os nossos agricultores se protegerem do frio. Ardeu o pastoreio e os animais ficaram, para já, sem alimento”, acrescentou.
No que toca a equipamentos municipais, “perdeu-se muita coisa ao nível da sinalização”.
“Temos percursos pedestres que estavam sinalizados e foram afetados. Mas sublinho que há um conjunto de equipamentos particulares que têm de ser subsidiados, através do Governo, de fundos comunitários, do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] ou do Município”.
Francisco Carvalho revelou ainda à agência Lusa que, na hora de aflição, quando os agricultores o abordavam no teatro de operações, não teve outra alternativa a não ser tranquilizá-los.
“Diziam-me ‘estou desgraçado, mais valia morrer do que me morrerem os animais’ e eu, naquele momento, não tinha outra palavra que não tranquilizar. Dizer para estarem sossegados, que aquilo que se perdeu a Câmara Municipal vai repor”, contou.
O autarca deixou a garantia que será feito “um levantamento rigoroso” dos danos, para que não se verifiquem “os abusos” que ocorreram noutros concelhos em 2017.
“Aquilo que eu certificar, e foi assim que me disse o ministro da Coesão Territorial, o senhor Castro Almeida pagará, pois confia nos autarcas e eu confio no ministro. A nossa população deu tudo o que tinha e o que não tinha para salvar os seus bens, de vizinhos e não merece ser abandonada agora”, concluiu.
Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingiram desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.