Substituir um quinto da carne que as pessoas comem por proteínas produzidas por microrganismos pode reduzir pela metade a desflorestação no planeta, sugere um estudo publicado na revista científica Nature. Esta projecção exigiria, contudo, que a população substituísse até 2050 parte do consumo de bifes de vaca (e outros ruminantes) por uma biomassa nutritiva rica em proteínas.
A chamada “proteína microbiana” é produzida com a ajuda de fungos que, uma vez em dentro de tanques com condições especiais, promovem a fermentação. Os investigadores garantem que a textura é semelhante à da carne bovina. E o mais importante: trata-se de uma biotecnologia “segura” que já existe há mais de duas décadas. A lógica do método é semelhante à da produção do pão ou da cerveja. Se estiverem “felizes” num ambiente com açúcar e temperatura estável, os fungos têm as condições ideais para “trabalharem” bem e produzirem este substituto da carne.
“A proteína microbiana é produzida em bio-reactores aquecidos (temperatura entre 25 e 30°C), ou seja, a fermentação fúngica ocorre sob condições controladas. Além disso, a micoproteína é considerada segura pela Food and Drug Administration (FDA) desde 2002”, explicou ao PÚBLICO Florian Humpenöder, cientista do Instituto Potsdam de Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK, na sigla em alemão) e autor principal do estudo. A FDA é a agência dos Estados Unidos que regula a produção e comercialização de remédios e alimentos.
A equipa de cientistas fez projecções tendo em conta o uso do solo em cenários diferentes de substituição de carne bovina por proteína microbiana. O objectivo era determinar os impactos ambientais e climáticos no planeta se reduzirmos o consumo de […]