Nas últimas semanas o território de Portugal continental esteve sob condições meteorológicas caraterizadas por instabilidade atmosférica, com destaque para as regiões do interior norte e centro.
Essas condições resultaram da presença de uma depressão centrada a noroeste da Península Ibérica, com expressão em níveis altos, que transportava sobre o território uma massa de ar quente, com conteúdo em água precipitável (da ordem de 30 mm) e instabilidade caraterizada por valores de CAPE até 600 J/Kg, potenciada pela presença de ar frio em altitude.
Esta instabilidade foi mais significativa sobre o nordeste transmontano, onde foram observados aguaceiros, por vezes fortes e trovoada, assim como queda de granizo (que em alguns casos foi mais prolongada do que o habitual, na ordem das dezenas de minutos).
A orografia determinou os locais em que persistentemente a instabilidade se foi libertando, o que, em conjunto com outros ingredientes (instabilidade atmosférica , humidade em níveis baixos, nível de congelação) manteve a geração quase contínua e prolongada de granizo. As pedras tiveram, em muitas situações, diâmetro largamente superior a 0,5 cm, o que as permite qualificar como saraiva.
No exemplo ilustrado na figura 1, do radar de Arouca/Pico do Gralheiro, sobre a área de Mêda – Vila Nova de Foz Cô, a é visível o campo dos máximos de refletividade projetados na horizontal (painel da esquerda) e o campo do tipo de hidrometeoro num nível baixo (painel da direita). O algoritmo de classificação do tipo de hidrometeoro a baixa altitude, considerava a presença de “graupel” (neste caso, pedras de menor dimensão) e “granizo” (pedras de granizo de maior dimensão e saraiva) em associação aos referidos máximos de refletividade com grande magnitude (fig 1, painel da direita).
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Fonte: IPMA