Os furtos de cortiça no distrito de Santarém têm aumentado nos últimos cinco anos, indicou hoje a GNR à Lusa, especificando que foram registados 56 casos em 2019 e 99 em 2023.
De acordo com dados da GNR, em 2019 foram registados 56 furtos, número que se manteve estável em 2020, ano em que ocorreram 55.
Em 2021, houve uma diminuição para 32 casos, mas, em 2022, o número de furtos subiu para os 77.
O ano de 2023 marcou o pico de furtos, com 99 ocorrências e sete detenções e, até 15 de setembro em 2024, já foram contabilizados 65 furtos, sem qualquer detenção, precisou a GNR.
O concelho de Coruche, que é o maior produtor de cortiça do distrito, destaca-se pela elevada incidência deste crime, com 20 furtos registados apenas este ano.
Segundo dados recolhidos pela Lusa junto da GNR, os furtos de cortiça são, geralmente, cometidos por grupos organizados que utilizam como principais métodos a extração direta da cortiça das árvores ou o furto da cortiça empilhada.
“A prática deste tipo de ilícito criminal normalmente está associada a grupos organizados que utilizam como ‘modus operandi’ a extração direta da árvore ou ao furto da cortiça empilhada. Existe uma maior preponderância de registos dos primeiros, não obstante a maior dificuldade e demora quando comparada com a segunda”, explicou a GNR.
A cortiça furtada é triturada para não ser identificada e depois vendida para a produção de aglomerados, onde, por sua vez, é adquirida por intermediários que a misturam com cortiça legal.
“Tudo indica que a cortiça seja vendida a intermediários compradores de cortiça, que depois a juntam à cortiça vendida por tiradores legais, integrando-a no mercado legal através da revenda conjunta a fábricas de cortiça. Também pressupomos que o mercado destino da cortiça furtada seja o mercado nacional”.
Face a este aumento de furtos, a GNR intensificou a patrulha com a Operação “Campo Seguro”, que começou no dia 01 de julho e decorre até 16 de fevereiro de 2025, e que desenvolve também ações de sensibilização para prevenir furtos em áreas agrícolas e florestais.
À Lusa, a GNR diz que para combater este tipo de crime é necessário “reforçar as medidas de proteção de infraestruturas” como a “instalação de vigilância, restrição de acessos, vedações, instalação de placards de aviso e melhoria das condições de luminosidade”.
As autoridades recomendam ainda instalar alarmes e colocar marcas nos equipamentos mais sensíveis e vulneráveis, bem como não colocar os “amontoados de cortiça junto a locais de fácil acesso”.
Uma vez que “este tipo de crime carece de queixa”, a guarda “reforça a necessidade de se denunciar” estes furtos pois as queixas são essenciais para ajudar “a monitorizar o problema” e “direcionar os recursos para as áreas mais afetadas”.