A ANPOC- Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais e ANPROMI- Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo suspenderam a sua participação na Comissão de Acompanhamento da Estratégia Nacional para a Promoção da Produção dos Cereais e responsabilizam o Ministério da Agricultura não só pelo previsível agravamento da nossa dependência externa em cereais, como pela sua possível rotura no mercado nacional.
Esta suspensão acontece depois do Ministério da Agricultura ter voltado atrás na implementação de uma medida de apoio ligada ao hectare da produção de cereais e de milho, uma medida que constava na Resolução do Conselho Ministros n.º 101 de 2018, a Estratégia Nacional para a Promoção da Produção de Cereais.
A Rádio Campanário falou com Afonso Bulhão Martins, produtor de cereais no Alentejo e membro dos órgãos sociais da ANPOC que, a propósito deste assunto nos referiu existir por parte destas duas Associações “um descontentamento generalizado” acrescentando que “nesta estratégia nacional da promoção da produção de cereais, definida em resolução do concelho de Ministros, em 2018, estavam reunidas as condições para que em 2022 se aplicasse uma das medidas que estava plasmada nesta resolução, ou seja, a atribuição de um apoio ligado ao hectare da produção de cereais e de milho, diversas vezes anunciado pela própria Ministra da Agricultura, o que não veio a acontecer.”
Segundo o produtor “o projeto, já em andamento, apesar de não ter um valor muito elevado pois contemplava 12 milhões de euros, correspondia apenas a 2% da PAC inicial, media esta que inexplicavelmente ficou depois sem aplicação.”
Afonso Bulhão Martins explica-nos que “o ministério lançou recentemente um novo comunicado sobre as medidas a implementar em 2022 e esta medida, tão aguardada pelos produtores não aparece, assim como nenhuma outra medida ligada aos cereais ou ao milho.”
Segundo refere o membro da Anpoc “nenhuma destas associações tinha conhecimento desta quebra de compromisso” sublinhando que quando as Associações constataram esta situação “pediram uma audiência ao ministério e à ministra da Agricultura, tendo sido recebidas pela tutela”, adiantando “a justificação da retirada desta medida foi feita com umas desculpas que para nós não colhem” […]