A representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura (FAO) em Angola, Gherda Barreto, recomendou hoje ao Governo angolano um balanço sobre os investimentos em infraestruturas, em grande escala, versus o investido em capital humano.
Gherda Barreto, em fim de mandato, foi hoje recebida pelo ministro da Agricultura e Florestas angolano, António de Assis, e fez um balanço das ações da FAO em Angola nos últimos cinco anos, período em que esteve à frente deste órgão das Nações Unidas.
Em declarações à imprensa no final do encontro, Gherda Barreto, que vai agora cumprir nova missão no Equador, defendeu a necessidade de um balanço sobre o potencial do país para a transformação de pequena escala e do reforço do crédito para as micro e pequenas empresas, já preparadas para o agro processamento.
“Também outro desafio importante são as mulheres rurais, sabemos que 60% da força laboral da agricultura são mulheres, e os programas têm que estar mais direcionados, com metas concretas, para obter financiamento e acesso à terra”, recomendou.
Segundo Gherda Barreto, deve ser feito igualmente “um esforço muito grande” para maior reconhecimento do valor dos produtos pelos camponeses, tentando “fazer um balanço entre o preço dos produtos saídos da lavra e o preço de mercado”.
“Acho que aí há uma oportunidade para apoiar mais o agricultor a restituir os seus fatores produtivos, com preços mais justos pagos nas lavras, que estejam mais em sintonia com os preços do mercado”, frisou.
E um último desafio, apontou a representante da FAO em Angola, é o alcance da soberania do país em termos dos inputs agrícolas, que hoje são importados, como fertilizantes e sementes.
“O país vai trabalhar muito para obter uma sustentabilidade neste tema e a multiplicação de sementes é uma alternativa, também o reforço da sua própria rede de laboratórios para elevar a produtividade”, realçou.
De acordo com Gherda Barreto, sem análises de solo e de água e sem melhores sementes, “incrementar a produtividade seria um desafio”.
Gherda Barreto considerou que é possível Angola erradicar a fome, porque tem recursos humanos e recursos naturais.
“É um tema de um trabalho conjunto, é um tema estratégico, mas Angola é um país privilegiado, com um potencial de recursos naturais de terra e água, que é possível dar resposta autónoma para a erradicação da fome das populações”, sublinhou.
A representante da FAO em Angola destacou os esforços de Angola, nos últimos cinco anos, sob liderança do Ministério da Agricultura e Florestas, que tem conseguido posicionar a agricultura no centro da diversificação económica do país.
“Hoje todos os angolanos estão convencidos que é a agricultura familiar que vai alimentar Angola e África toda”, adiantou.
“Tivemos a oportunidade de acompanhar o Governo no fortalecimento do seu programa das escolas de campo”, disse Gherda Barreto, elogiando o crescimento em cinco anos, que passou de três províncias para a sua implementação em todo o país.