Amostras de madeiras de espécies nativas e exóticas, recolhidas em solo português, estarão até setembro de 2023 em exposição no laboratório Floresta do Saber, em Aveiro. Os materiais fazem parte da coleção principal e da coleção de eucaliptos da Xiloteca Albino de Carvalho.
O laboratório Floresta do Saber, incluído na Quinta de São Francisco (Eixo, Aveiro), recebe a exposição “Madeiras de Portugal”, que reúne 78 amostras do espólio da Xiloteca Albino de Carvalho, localizada no Edifício Florestal do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (Oeiras). Esta exposição resulta de uma parceria entre o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, promotor do projeto pedagógico Floresta do Saber, e o INIAV, cumprindo a missão formativa deste instituto.
Em exibição estão amostras de madeiras que pertencem a espécies nativas e exóticas, recolhidas em Portugal, tais como carvalhos (Quercus spp.), azevinho (Ilex aquifolium), pinheiros (Pinus spp.), nogueira (Juglans regia) e eucaliptos (Eucalyptus spp.). As amostras estão acompanhadas do nome comum e científico da espécie, família e distribuição e permitem aos visitantes conhecer as particularidades das madeiras exibidas, com diferentes cores, pesos, grão e texturas.
Esta é uma das iniciativas promovidas pelo laboratório Floresta do Saber, um projeto do RAIZ apoiado pelo Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável, da Fundação Calouste Gulbenkian, e reconhecido como CLUBE NACIONAL UNESCO. As suas atividades centram-se na sensibilização e educação para os temas da sustentabilidade, da floresta, e da bioeconomia digital e circular de base florestal.
A exposição pode ser visitada gratuitamente até ao final de setembro de 2023 nos dias úteis, entre as 8h00 e as 20h00 (exceto feriados) mediante marcação através do site do Floresta do Saber, por e-mail ou telefone (234 920 130).
A relevância da Xiloteca Albino de Carvalho
A xiloteca do INIAV é uma das maiores bibliotecas de madeiras em Portugal e resulta do trabalho do investigador e engenheiro silvicultor Albino de Carvalho (1925-2008) cujas principais áreas de pesquisa foram a ciência e tecnologia dos produtos florestais, com especial foco na identificação e anatomia das madeiras portuguesas.
Para homenagear o autor, que agregou conhecimento na área da caracterização das madeiras, suas propriedades físico-mecânicas e melhoramento técnico, foram cunhadas com o seu nome esta xiloteca e uma suberoteca – a Suberoteca Nacional Albino de Carvalho –, fundada em 1982 e também pertença do INIAV.
A xiloteca reúne cerca de 5750 amostras de 178 espécies lenhosas de 45 famílias e mais de 99 géneros botânicos, recolhidas entre 1954 e 1995, representando as principais madeiras portuguesas, do continente e ilhas, e também várias provenientes da Europa, das América, de África e do Oriente. Esta coleção teve como propósito a caracterização das madeiras portuguesas que deu origem aos dois volumes da obra “Madeiras portuguesas, sua estrutura anatómica, propriedades e utilizações” (editada pelo Instituto Florestal em 1996), considerado o manual dos técnicos e industriais da madeira.
Esta xiloteca pode também ser visitada em Oeiras. A entrada é gratuita, mas tem de ser previamente agendada, através de contacto com o INIAV.
Outras xilotecas que pode visitar
Além da Xiloteca Albino de Carvalho, poderá ainda visitar outras coleções de madeiras, em Portugal. Muitas vezes associadas a herbários e a jardins botânicos, partilham o mesmo papel essencial na conservação e conhecimento sobre a biodiversidade das espécies que nos fornecem a madeira. Aqui ficam alguns exemplos de xilotecas que pode visitar:
Xiloteca Tropical do Palácio Calheta | Jardim Botânico Tropical, Belém, Lisboa
A Xiloteca Tropical do Palácio Calheta, localizada no Jardim Botânico Tropical de Belém, em Lisboa, exibe mais de dez mil amostras de madeiras, consideradas um conjunto de referência internacional. São provenientes de todo o mundo – 107 origens, ao todo –, fruto da recolha de missões científicas nacionais a antigos territórios ultramarinos (como são Tomé e Príncipe, Guiné, Angola, Moçambique, Brasil ou Timor) e também da troca de amostras com xilotecas sediadas noutras partes do mundo, recolhidas por mais de um século. Aqui pode encontrar amostras de madeira de espécies florestais ameaçadas de extinção e de espécies já extintas nos seus países de origem.
Se quer visitar esta xiloteca, tenha em atenção que ela abre ao público apenas em datas comemorativas, como o Dia Internacional dos Museus, o Dia Nacional da Cultura Científica ou em eventos associados ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência.
Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto
Também o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto tem uma xiloteca que pode ser visitada. As amostras em exibição foram reunidas por um professor universitário que viveu em São Tomé e Príncipe durante quatro anos e que recolheu as madeiras que mandou talhar e que foram depois devidamente identificadas com o nome comum da espécie e local da recolha, entre outras informações.
Pode visitá-la às quartas-feiras e sábados às 14h30, por €24,40 (preço de grupo de até quatro pessoas), sendo necessário agendar a visita através do e-mail visitas@mhnc.up.pt.
Museu Carlos Machado, Ponta Delgada, Açores
O Museu Carlos Machado reúne 480 amostras na sua xiloteca, na maioria recolhidas antes de 1960. Destas, 50 podem ser observados na exposição permanente da coleção de História Natural deste Museu de Ponta Delgada. De ressaltar a amostra de um galho de cedro-das-ilhas (Juniperus brevifolia), contemporânea das pirâmides do Egito e, por isso, de grande valor científico e histórico.
O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.