A invasão militar Russa na Ucrânia impôs prejuízos de valor incalculável: as vidas perdidas, o sofrimento de inocentes, o condicionamento da liberdade, a provável vitória de uma ditadura sobre uma democracia, e a destruição de património histórico.
Em termos económicos, praticamente todo o mundo perderá, mesmo que geograficamente distante. No contexto de globalização atual, o mundo económico está relativamente próximo, embora naturalmente percam mais os envolvidos e os seus principais parceiros. Os efeitos globais ainda não são completamente percebidos porque dependem da dimensão e do grau de destruição do conflito, do nível das sanções e contra-sanções, e do tempo que durar a invasão.
Para já, como expectável, as bolsas reagiram com perdas, com os investidores a fugirem dos ativos de risco e procuram refúgio em determinadas dívidas soberanas e no ouro. A escala do conflito gera incertezas no mundo e quebra a confiança de investidores, penalizando o investimento. Afeta, pois, negativamente a procura agregada, gera desemprego e prejudica o crescimento económico. Depois, a rutura com o fornecimento de gás natural e petróleo à Europa pela Rússia – quando já havia uma crise energética imposta pela pandemia e pela seca – contribui também para o aumento do preço desses bens e da eletricidade. Tal afeta negativamente a oferta agregada, penalizando também, por esta via, o emprego e o crescimento económico, e adicionalmente gera inflação. Por outro lado, ainda, a quebra expectável no fornecimento de bens alimentares influenciará positivamente o seu preço – a Rússia e a Ucrânia, juntas, produzem cerca de 30% de todo o trigo (e milho) mundial e são grandes produtores de fertilizantes -, o que também afetará a inflação e penalizará o crescimento económico.
Mais inflação numa economia impacta diretamente no poder de compra dos consumidores, leva à perda de competitividade, e deverá contribuir para que os bancos centrais aumentem as taxas de juro e, assim, se penalize ainda mais o consumo e o […]