A Câmara da Guarda está a avaliar o apoio que decidiu atribuir à compra de árvores florestais depois de não ter recebido qualquer candidatura, comprometendo a meta de um milhão de plantações no concelho.
A autarquia criou um Regulamento de Atribuição de Apoio à Compra de Árvores Florestais, que está em vigor até final de agosto, uma medida que ajudaria a atingir a meta estabelecida de plantar um milhão de árvores durante o mandato do atual executivo.
“Não recebemos qualquer candidatura”, confirmou à agência Lusa o vereador da Câmara Municipal da Guarda com o pelouro do Ambiente, Rui Melo. O autarca revelou o desinteresse dos privados neste apoio à compra de árvores florestais durante o debate que assinalou na semana passada, em Manteigas, o 48.º aniversário do Parque Natural da Serra da Estrela.
Para o vereador Rui Melo há uma desmotivação em investir na floresta, porque é considerado um investimento de risco, e um absentismo dos proprietários que deixaram de tratar os terrenos. “Aquilo que temos no território é uma geração que não cuida da floresta. E depois com o ciclo de fogos que tem ocorrido as pessoas estão desmotivadas em arborizar”, assinalou o autarca.
O objetivo da Câmara era plantar um milhão de árvores com a participação dos proprietários. “O regulamento tem sido divulgado nas freguesias e nos vários encontros com as juntas, mas ninguém aparece. A Câmara entrava aqui como alavanca do investimento dando o custo das plantas, mas de fato a medida não teve adesão”, admitiu à Lusa.
O regulamento prevê a atribuição de 100% do valor de aquisição, a preço de mercado, até ao máximo de 20 cêntimos por árvore de espécie resinosa e 45 cêntimos para espécies folhosas.
“É para árvores florestais, plantas do ano que são semeadas no outono e colhidas na primavera. Conseguíamos pagar a 100% o valor das árvores”, explica Rui Melo.
A medida prioriza os terrenos ardidos e se houvesse mais candidaturas do que o valor disponível, seria dada prioridade aos investimentos previstos para zonas devastadas pelo fogo.
Dada a falta de adesão, a Câmara está a avaliar a medida, mas o autarca admite não saber como majorar o apoio. “Tem de haver uma corresponsabilização no sentido de haver uma vontade de investir. Não podemos pagar a totalidade do investimento, tem de ser uma parceria. Cabe ao outro lado investir para também cuidar daquilo que é seu”, assinala Rui Melo.
No entender do vereador da Câmara da Guarda o que pode fazer alterar o desinteresse na floresta é a possibilidade de os proprietários virem a ser apoiados pelos serviços ambientais. “Alguém que tem uma floresta e que passe a ser apoiado por ter uma floresta cuidada. Se esses serviços ambientais passaram a ser pagos as pessoas passam a olhar para a floresta como uma fonte de rendimentos. Talvez esteja aí a solução para termos mais pessoas a investir e a plantar, porque neste momento o desinteresse é total”, conclui o vereador.