As alterações climáticas são cada vez mais evidentes e prova disso são os fenómenos extremos que se fizeram sentir um pouco por todo o mundo durante os meses de verão: desde ondas de calor e temperaturas recorde, incêndios ou até mesmo inundações. Tendo em conta os dados que mostram que este foi o verão mais quente de sempre no hemisfério norte, Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, sublinha a “urgência de agir” perante a “situação dramática” que se vive à escala global, algo que deve passar, principalmente, pelo fim do uso dos combustíveis fósseis.
Setembro começou com chuva um pouco por todo o país, mas a verdade é que o verão ficou marcado pelas temperaturas muito elevadas não só em Portugal, mas também em todo o mundo. Os dados do satélite europeu Copernicus mostram que os meses de junho, julho e agosto foram os mais quentes de sempre no hemisfério norte e 2023 poderá mesmo vir a ser o ano mais quente desde que há registo. O verão deste ano ficou marcado por incêndios na Grécia e no Canadá, ondas de calor no Reino Unido, mas, por outro lado, inundações na Líbia. São fenómenos extremos que Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, explica com “um clima em acelerada mudança”.
“Se estamos a ter uma concentração de gases de efeito de estufa maior na atmosfera, isso vai levar a um aquecimento dessa mesma atmosfera e, portanto, vamos ter fenómenos de evaporação, nomeadamente em zonas onde tenhamos água, e essa chuva toda irá cair depois em locais próximos. Se a temperatura do ar estiver quente, há muita água a ser transportada e, por outro lado, também já há uma tendência de vários meses a afetar países que tiveram secas profundas e onde um pequeno incêndio facilmente se transforma num incêndio de enormes proporções, como foi o que aconteceu, por exemplo, no Canadá, no Havai, numa das ilhas gregas e também no próprio território continental grego”, afirma o presidente da Zero.
O fim dos combustíveis fósseis e o investimento nas renováveis
Em Portugal, o verão também foi quente, seco e com vários incêndios registados de Norte a Sul. Francisco Ferreira frisa que uma das “questões-chave” para se atenuar a crise climática é o fim do uso dos combustíveis fósseis.
“Se nós falarmos do principal gás que está na atmosfera, que representa uma pequena percentagem daquilo que é a composição da atmosfera, que é o dióxido de carbono, estamos a falar de 0,04%, mas este gás, em termos adicionais, está presente no carvão, no gás natural, no petróleo. Ao queimarmos estes combustíveis, este carbono que estava armazenado debaixo da Terra vai passar para a atmosfera na forma de dióxido de carbono, bem como outros gases de efeito estufa que também deveremos considerar, como é o caso do metano ou do óxido nitroso – esses mais ligados, por exemplo, à atividade agropecuária e à agricultura. Se estas concentrações têm vindo sistematicamente a subir na atmosfera, é evidente que a atmosfera está aquecer e isso reflete-se de forma diferente em diferentes regiões do globo com os impactos que estão a ser mais fortes do que aquilo que os cientistas tinham conseguido prever”, alerta.
O especialista sublinha que a “grande fatia” dos combustíveis fósseis em Portugal vai para o setor dos transportes, ou seja, “na forma de gasolina e gasóleo”, sem esquecer o gás natural que é utilizado na produção de eletricidade.
“Nós ainda não temos 100% de fontes de origem renovável e, portanto, ao termos uma mobilidade mais sustentável, ao termos investimentos em fontes renováveis, principalmente a solar e a eólica nos locais corretos, com a dimensão correta, termos medidas de eficiência energética, tudo isto a par de nós também nos apercebemos que precisamos de nos adaptar ao clima, isso é absolutamente crucial, nomeadamente na habitação: termos […]