O concelho de Felgueiras, no distrito do Porto, assiste a uma corrida à cultura de kiwis, com novos projetos em curso, representando várias centenas de milhares de euros de investimento, segundo a cooperativa agrícola.
“Assistimos a um ‘boom’ de novos projetos e intenções de investimento”, afirmou Humberto Reis, técnico da instituição, em declarações à agência Lusa.
Atualmente, sinalizou, “até há dificuldade em encontrar plantas suficientes” no mercado interno e externo para satisfazer as novas áreas de plantação que estão a surgir, representando cerca de 30 hectares neste ano.
Em vários pontos há quem esteja a substituir zona de floresta por áreas de kiwi e noutros casos alguns agricultores estão a trocar a vinha pelo kiwi.
Os resultados da colheita do ano passado já evidenciam o que está a acontecer no concelho, com um crescimento de mil toneladas, em relação a 2020 (mais 68%), reportando apenas aos associados que entregam o fruto na cooperativa. Novos pomares e maior eficiência explicam aquele crescimento, observou o técnico.
De ano para ano, Felgueiras tem batido sucessivos recordes de produção, atingindo no ano passado 2.376 toneladas de kiwi, números que devem continuar a crescer face às novas produções que estão a avançar em vários pontos daquele território do Vale do Sousa.
Atualmente, há cerca de 300 hectares de pomares daquele fruto no concelho e 140 produtores associados da cooperativa.
A produção da cooperativa é escoada quase na totalidade para o mercado espanhol, “grande apreciador do kiwi de Felgueiras”.
“Trata-se de uma cultura que remunera bem o investimento, com uma boa margem”, referiu, explicando à Lusa ser essa é a razão de o kiwi estar a atrair tanto investimento, inclusive de empresários do setor do calçado.
Aquela cooperativa é uma das maiores produtoras e exportadoras de vinho verde em Portugal, mas o crescimento do setor do kiwi, de maior rentabilidade, tem sido mais acelerado do que o da vinha, nos anos mais recentes.
No volume de faturação da instituição, ainda predomina a vinha, um ‘ex-libris’ do concelho, atingindo os quatro milhões de euros, mas o kiwi, uma cultura relativamente recente em Felgueiras, já é responsável por 2,5 milhões de euros de vendas.
Prevê-se, pois, admite Rui Madeira Pinto, diretor da instituição, que se o crescimento do kiwi continuar a acontecer, aquele setor pode, dentro de alguns anos, aproximar-se, “ainda mais”, do volume de vendas do vinho verde.
Para corresponder ao crescimento, a cooperativa vai investir este ano um milhão de euros no reforço da sua capacidade de armazenamento em arcas frigoríficas.
“Vamos ficar com mais 1.500 toneladas de capacidade de frio do que temos atualmente”, sinalizou à Lusa o responsável.
Com aquele investimento, a instituição ficará com capacidade para 3,3 toneladas de armazenamento em arcas frigoríficas.