A Liga dos Bombeiros Portugueses considerou hoje que os bombeiros se sentem “ofendidos e chocados” com o presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), exigindo um pedido de desculpas e a demissão daquele responsável.
“Houve uma palavra que ele não disse [presidente da AGIF] que foi um pedido de desculpas aos bombeiros por aquilo que proferiu e isso teria evitado muito esta situação que estamos aqui a viver. Estamos a pedir que seja o Governo agora a substituir-se ao presidente da AGIF e que explique o financiamento dos corpos de bombeiros”, disse aos jornalistas o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
Cerca de duas dezenas de elementos da LBP dirigiram-se hoje a São Bento para entregar ao primeiro-ministro uma carta a exigir a demissão do presidente da AGIF, Tiago Oliveira, alegando uma “quebra irrecuperável de confiança” após declarações polémicas no parlamento em julho.
Perante os deputados, Tiago Oliveira questionou o facto de os “corpos de bombeiros receberem em função da área ardida”, considerando o “objetivo perverso”, além de ter afirmado que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”, sendo necessário equilibrar a prevenção e o combate.
Dois dias depois, a AGIF esclareceu que estas afirmações não colocavam em causa “o muito válido trabalho” dos municípios e bombeiros na proteção contra incêndios florestais, mas defendeu uma revisão na legislação de financiamento das autarquias.
Após ter entregado a carta na residência oficial do primeiro-ministro, o presidente da LBP sustentou que os bombeiros não têm condições para trabalhar com Tiago oliveira “enquanto não esclarecer tudo” e acrescentou que “ofendeu os bombeiros e as associações humanitárias”.
“Se não quer esclarecer, e está no seu direito, nós bombeiros estamos no direito de dizer que não queremos trabalhar com ele. Aquilo que dizemos desde o início é que não estão reunidas as condições necessárias e suficientes para continuar a trabalhar numa área tão importante que é a prevenção e o combate aos incêndios florestais”, precisou António Nunes.
O responsável sublinhou que a consequência natural para Tiago Oliveira é a demissão, uma vez que não falou com os bombeiros, que “continuam ofendidos” com o presidente da AGIF.
António Nunes explicou que a LBP foi recebida pelo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, a quem entregou “um voto de protesto por aquilo que tinha acontecido com as palavras do presidente da AGIF” e apelou ao Governo para que “reconheça e respeite mais os bombeiros portugueses”.
O presidente da LBP frisou que os bombeiros “sentem que precisam de uma palavra de maior apreço pelo seu trabalho e que seja concretizado em atos e não apenas, por vezes, em palavras de circunstância nas cerimónias”.
Segundo a LBP, o subfinanciamento crónico das associações, o estatuto do bombeiro voluntário e das preocupações que se deve ter nesta época de combate aos fogos com o bem-estar dos bombeiros são algumas questões que querem concretizadas.
“Aquilo que queremos é que haja essa palavra de incentivo, reconhecimento e de dizer o que pensam fazer para melhorar as condições de combate porque não basta dizer que é preciso apostar mais na prevenção do que no combate. Isto tudo é verdade, mas sabemos que não vamos conseguir resolver o problema da prevenção da floresta tão rapidamente e os bombeiros vão continuar a lutar contra as chamas todos os anos”, disse ainda.