O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um órgão público brasileiro, de mentir sobre a escala de desflorestação na floresta amazónica.
Bolsonaro acusa a instituição de denegrir a imagem do Governo brasileiro ao divulgar dados que mostram um aumento dramático dos níveis de desflorestação na Amazónia. Por esta razão, o Presidente brasileiro disse querer reunir-se com a direcção do INPE para discutir o tema.
Por sua vez, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) garante, de acordo com a BBC, que os dados de que dispõe apresentam um grau de rigor de 95%.
Esta quinta-feira, o INPE divulgou dados preliminares, obtidos por satélite, que mostram que mais de 1000 quilómetros quadrados da floresta amazónica foram devastados só na primeira quinzena do mês de Julho, o que corresponde a um aumento de 68% do nível de desflorestação comparativamente a todo o mês de Julho de 2018.
Já Bolsonaro garante que os dados “não correspondem à realidade”. “É lógico que vou conversar com o presidente do INPE. [São] matérias repetidas que apenas ajudam a fazer com que o nome do Brasil seja mal visto lá fora”, disse o Presidente brasileiro, citado pelo jornal Folha de S. Paulo, após um evento de comemoração do Dia Nacional do Futebol.
“Com toda a devastação de que vocês nos acusam de estarmos a fazer e de termos feito no passado, a Amazónia já se teria extinguido”, acrescentou Jair Bolsonaro na sexta-feira, em conversa com jornalistas estrangeiros.
No mesmo encontro, Bolsonaro negou ainda dados sobre a existência de fome no país, dizendo que não há pessoas de aspecto esquelético no Brasil como existe noutras nações.
Face a críticas que apontam para um aumento significativo da desflorestação na Amazónia desde que Bolsonaro assumiu o poder, em Janeiro, o chefe de Estado brasileiro acusou ainda o director do INPE, Ricardo Galvão, de estar “a serviço de alguma organização não-governamental [ONG]”. Por outro lado, os especialistas acusam Jair Bolsonaro de priorizar políticas de desenvolvimento em detrimento de medidas de preservação ambiental.
No início deste mês, os Governos da Noruega e da Alemanha – os dois principais países doadores para o Fundo Amazónia – admitiram que poderão acabar com o maior projecto de cooperação internacional para preservar a floresta amazónica depois de o Governo brasileiro ter extinguido dois comités responsáveis pela gestão do fundo.
Se, ao longo da última década, os Governos brasileiros anteriores mostraram-se empenhados em reduzir os níveis de desflorestação na floresta amazónica, através da implementação de medidas (como a aplicação de multas por desflorestação ilegal) e parcerias com agências federais, já a Administração de Bolsonaro tem vindo a criticar estas medidas e a perdoar várias contra-ordenações por crimes ambientais.