O concelho de Arcos de Valdevez vai ser o primeiro do país a dispor, a partir de setembro, de uma rede integrada de estações meteorológicas para apoiar a proteção civil, forças de segurança e atividades económicas, foi hoje divulgado.
“Arcos de Valdevez é o primeiro município a criar uma ação estratégica organizada e concertada de implantação de estações meteorológicas em ambientes diferenciados, de montanha, de encosta e de vale”, afirmou o coordenador do projeto, Sérgio Bastos.
Em declarações à agência Lusa, o professor do agrupamento de escolas de Freixo, em Ponte de Lima, explicou que o projeto “inovador em Portugal” vai ser apresentado no dia 06 de maio, durante o IV Congresso Transfronteiriço de Meteorologia e Alterações Climáticas, que vai decorrer no auditório In.Cubo, em Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo.
Segundo Sérgio Bastos, a rede municipal de estações meteorológicas de Arcos de Valdevez entrará em funcionamento no segundo semestre deste ano.
“Em setembro teremos tudo operacional, a 100%. Neste momento, temos duas estações instaladas. Uma no Centro de Ciência Vida Padre Himalaya, que vai ser certificada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). A segunda está situada em ambiente de encosta, no centro de meios aéreos de Arcos de Valdevez, numa iniciativa da Comunidade Intermunicipal(CIM) do Alto Minho e, a terceira vai ser colocada, em ambiente de montanha, no Centro Interpretativo do Mezio, financiada pela autarquia de Arcos de Valdevez”, especificou.
O responsável destacou que a “ligação em rede das estações meteorológicas permite disponibilizar informação, na hora, através de uma plataforma ‘online’ que vai ser criada para o efeito, bem como relatórios climáticos mensais.
“O objetivo é que esta informação chegue aos vários agentes económicos, de segurança e sociais do território para que possam agir de forma mais concertada”, apontou.
Como exemplos, o docente apontou o Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), “por ter interesse na prevenção de riscos, os criadores de gado e viticultores locais, a proteção civil e as forças de segurança”.
Os dados, disponibilizados ‘online’ podem ser analisados por entidades de todo território nacional, da Galiza e o objetivo é que o projeto “possa ser replicado por outros municípios”.
O projeto foi impulsionado pelo programa MeteoFreixo, criado em outubro de 2017 pelo agrupamento de Freixo, em Ponte de Lima.
A constituição da rede municipal de estações meteorológicas começou a ser trabalhada, em 2019, numa parceria entre o agrupamento de escolas de Freixo, o Cenfipe – Centro de Formação e Inovação dos Profissionais de Educação das escolas do Alto Lima e Paredes de Coura e a Câmara de Arcos de Valdevez.
“Atendendo às alterações climáticas, a diversidade do território de Arcos de Valdevez merecia um serviço público no âmbito do Plano de Ação Climática. Todos os municípios têm de aprovar o Plano de Ação Climática até ao final de 2023. Esta rede municipal de estações meteorológicas entra, perfeitamente, nesse objetivo”, sustentou.
O projeto resultou sobretudo “do aproveitamento de recursos existentes”, sendo que no total o investimento rondará os seis mil euros.
O programa MeteoFreixo já criou o IRINA – Índice de Risco Natural incêndio e geada, certificado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). São duas fórmulas de cálculo criadas a partir de variáveis meteorológicas e humanas, importantes para prevenir incêndios e adequar os meios de combate.
Além do IRINA, o MeteoFreixo produz o TVMeteo, durante o período letivo. Trata-se de um boletim meteorológico diário da região do Minho, através das duas estações meteorológicas (analógica e digital) e partilha os dados com os bombeiros voluntários de Ponte Lima, a GNR Freixo e o Comando Regional de Emergência e Proteção de Viana do Castelo.
O impacto das alterações climáticas na saúde é o tema do IV Congresso Transfronteiriço de Meteorologia e Alterações Climáticas, que vai decorrer no dia 06 de maio em Arcos de Valdevez.
A iniciativa, com cerca de 120 participantes, contará com as comunicações do subdiretor da MeteoGalicia, do coordenador de um projeto meteoescolas de Vigo, na Galiza, do presidente do IPMA, Miguel Miranda e, do investigador João Santos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Está ainda prevista a presença de Susana Bayo, da Universidade de Vigo, de Joaquim Alonso, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genético e do ecologista e investigador das Ciências Biomédicas, Adriano Bordalo e Sá.